Until Dawn: Noite de Terror foge da ideia do jogo, mas não de elementos ligados ao gênero como gore e mortes
- Eduardo Salvalaio
- há 4 dias
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Verdade seja dita, o filme está longe de ser sofrível. E acredite. Vale uma sessão de domingo num dia frio e nublado, com as luzes do recinto apagadas

Until Dawn foi um jogo criado pela Supermassive Games, lançado em 2015 e que fez muito sucesso entre os jogadores de PS4. A empresa inglesa ficou conhecida por trabalhar com o gênero Terror onde as escolhas do jogador são fundamentais para definir a narrativa do jogo, inclusive em relação ao destino dos personagens.
O jogo também envolve inúmeros QTE’s (Quick Time Events). Com eles, o jogador pode salvar o personagem de uma morte iminente, ou mesmo deixá-lo morrer. Essas mesmas ideias foram apresentadas nos jogos que vieram posteriormente como Little Hope (2020) e House Of Ashes (2021).
Como é conhecido no universo que envolve filmes ou séries que são adaptações de jogos, nem sempre se pode esperar uma boa congruência entre ambos. Tudo bem que The Last Of Us e Fallout conseguiram até sair da regularidade, trazendo esperanças para quem aguarda seu jogo preferido ganhar uma versão competente para as telas de cinema.
O jogo então ganha sua adaptação cinematográfica, Until Dawn: Noite de Terror (Until Dawn, 2025). A direção ficou a cargo de David F. Sanberg, diretor sueco conhecido por alguns curtas de terror que realizou.
Os roteiristas Gary Dauberman e Blair Butler também estão acostumados a trabalhar com o gênero. Gary é responsável por Annabelle 3: De Volta Para Casa (2019) e It: A Coisa (2017). Blair tem Convite Maldito em seu currículo, um obscuro Horror Gótico lançado em 2014.
O filme foge bastante do jogo. Alguns elementos, claro, estão presentes: o grupo de jovens, a notícia sobre a mina abandonada, a questão da sobrevivência diante de inúmeros perigos e o sumiço de uma garota. Provavelmente o filme será mais satisfatório para quem nem conhece o jogo e que assiste sem saber o que pode esperar.
O filme mostra a jovem Clover (Ella Rubin) que, junto com mais quatro amigos, sai em busca de sua irmã desaparecida. Sem muitas pistas, eles acabam chegando a uma região misteriosa e sobrenatural que esconde ameaças terríveis. Agora, precisam sobreviver até ao amanhecer.

Sanberg tece seu filme usando velhos clichês do gênero e toda aquela atmosfera escura e sobrenatural. Tudo sendo alavancado por loops temporais (a noite que sempre se repete para azar dos jovens). Sendo assim, ele pode abusar de criar os mais inusitados e grotescos tipos de mortes: desde pessoas explodindo até corpos desmembrados por machados cortantes.
Também é capaz de trazer para o espectador uma variedade de personagens, figuras e objetos que sempre assombraram os fãs do gênero por meio de filmes como Sexta-Feira 13, A Casa de Cera (2005) e Criaturas da Noite (2016). O serial killer mascarado e imortal, a bruxa, rostos de cera, criaturas bizarras e vorazes, armadilhas perigosas.
Esse artifício acaba gerando uma série de surpresas em cada loop que a narrativa acontece. E mesmo que os 5 jovens saibam do cruel destino que os espera, as medidas adotadas para sobreviver durante a noite não são eficazes devido as constantes mudanças de perigos e de eventos que ocorrem a cada recomeço.
Dauberman afirmou em entrevistas que pretendia fugir da ideia do jogo para criar uma experiência mais aterrorizante e ao mesmo tempo original. Entretanto, convenhamos que loops temporais hoje em dia viraram tão comuns em filmes, mesmo no gênero. Basta lembrar de produções nem tão antigas como o filme japonês Re/Member (2023) ou mesmo o americano A Morte Te Dá Parabéns (2017).
Verdade seja dita, o filme está longe de ser sofrível. E acredite. Vale uma sessão de domingo num dia frio e nublado, com as luzes do recinto apagadas. Prega sustos, possui atmosfera sombria, tem sangue, gore e mortes. O loop temporal em sua narrativa convence (apesar de certos surrealismos) e o elenco conta com o versátil e experiente Peter Stormare (que também serviu para um personagem na série de jogos da empresa).

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