The 1975-'Notes On A Conditional Form'. Álbum/Review.
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The 1975-'Notes On A Conditional Form'. Álbum/Review.

Atualizado: 17 de fev. de 2022



Desde 2013 na ativa o The 1975 equilibra o seu som com um Dance- Rock cativante e elementos sofisticados da contemporaneidade que buscam os caminhos do Pop e da Eletrônica. Uma mistura que levou a banda a pisar na 30º posição da Bilboard 200. Em 2020 o quarteto lançou seu quarto disco de estúdio 'Notes On A Conditional Form', onde os britânicos exploram ambientações, elementos eletrônicos e fogem disparados dos conceitos e padrões óbvios de composições, criando uma longa e reflexiva atmosfera com músicas que cortejam o Pop dos anos oitenta e criam raízes no Electropop. O disco é o sucessor do elogiado A Brief Inquiry Into Online Relationships (2018).


Se comparado com disco anterior, o novo álbum soa mais descontraído, sem perder a qualidade em suas composições. Nota-se que a banda não está nem um pouco preocupada em ser agradável e muito menos ser previsível ou presa em estilos conceituais de gêneros musicais. A premissa do álbum é simplesmente fugir do comum e explorar vários estilos, elementos eletrônicos e sonoridades.


Com vinte e duas músicas e mais de oitenta minutos de duração, o disco se arrisca a cansar o ouvinte inexperiente com o som da banda, e até mesmo fazer as canções soarem desconexas. Talvez essa seja a proposta, esquecer o previsível e dar asas para a criatividade. E podemos dizer que a criatividade de Matty Healy (vocais), George Daniel, (bateria) Ross MacDonald (baixo) e adam Hann (guitarra), estão a flor da pele. O grupo trafega por variadas sonoridades que vão desde o Pop, Rock, Folk e até o Punk eletrônico da faixa “People, canção que lembra as batidas do The Prodigy.


Matty Healy tem se mostrado um ótimo compositor, canções poéticas, líricas que abordam assuntos complexos, existencialismo e relacionamentos fracassados, sem perder o teor político que marca as canções da banda. É o caso da experimental “Frail State Of Mind”, um pop doce experimental que flerta com a eletrônica e entrega bons versos poéticos: “Você sabe que vamos embora, se continuar mentindo/ Não minta atrás do seu frágil estado de espírito…Apenas lidando com um estado de espírito frágil”, diz a letra.


Na introdutória “The 1975”, o discurso ecológico de Greta Thunberg ganha uma narrativa atmosférica que lembra muito U2. E o álbum segue sua introspectiva e bucólica ambientação atmosférica. “Streaming” é uma viagem experimental instrumental, abre caminho para o pop melódico em “The Birthday Party”.

Talvez se esse projeto de composição e construção do álbum estivesse em mãos erradas, poderia ser um fiasco com sua ambientação desconcertante. Não é o caso aqui. É incrível e bonito como o quarteto consegue transitar pelo Punk emergente, o Pop experimentalista e chegar a uma linda balada Folk em “Jesus Christ 2005 Gold Bless America”, uma das mais lindas ou se não, a mais linda do álbum.

A canção contou com a participação da cantora e compositora norte-americana Phoebe Bridgers. Uma pérola em meio a um turbilhão de experimentos sonoros.


A narrativa sonora do disco brinca com os estilos sonoros (por isso termo despretensioso atribuído a obra), vai de uma balada Folk para um pop enérgico dançante regado por ótimas batidas eletrônicas e refrãos grudentos na alegre “If You’re Too Shy (Let Me Know)”, que satiriza a timidez: “Ela disse: Talvez eu goste mais de você/ Se você tirar a roupa/ Eu não estou brincando com você, Baby… Se você é muito tímido/ Então me deixe/Muito tímido/ Então me deixe saber”, canta Healy.


Um álbum arriscado, ousado, feito por quem entende e sabe o que quer. E acima de tudo enaltece os elos de amizade entre o quarteto. Na ótima “Guys”, Healy faz uma narrativa de agradecimento aos seus companheiros de banda: “No momento em que vocês pegaram minha mão/ Foi a melhor coisa que já aconteceu/No momento que começamos uma banda/ Foi a melhor coisa que já aconteceu”.


E claro, essas experimentações sempre estiveram presente na identidade da banda, algo como se eles procurassem sempre fugir de serem rotulados. Eu chamaria esse disco tranquilamente de The 1975's The White Álbum, devido às ideias longas, confusas e independentes, como os Beatles fizeram, no entanto, há mais enchimentos neste álbum do que nos anteriores.

 

Ficha Técnica:

'Notes On A Conditional Form'

Banda: The 1975

Gênero: Pop, Folk Rock e Electropop

Data de Lançamento: 22 de maio de 2020

Ouça: "Jesus Christ 2005 God Bless America", "If You're Too Shy (Let Me Know) e "Guys"

Para quem gosta de: Blossoms e Coin

Nota: 8,0


 

Ouça no Spotify:


 


 

Sobre Marcello Almeida

É editor e criador do Teoria Cultural.

Pai da Gabriela, Técnico em Radiologia, flamenguista, amante de filmes de terror. Adora bandas como: Radiohead, Teenage Fanclub e Jesus And Mary Chain. Nas horas vagas, gosta de divagar histórias sobre: música, cinema e literatura, e curtir as aventuras do cão Dylan. marce.almeidasilvaa@gmail.com



 

Texto original desta resenha foi publicado primeiramente no site Urge!

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