Reggie Watts responde Thom Yorke e critica postura do vocalista sobre guerra em Gaza
- Marcello Almeida
- 31 de mai.
- 2 min de leitura
“Centraliza seus sentimentos feridos”

Reggie Watts criticou publicamente Thom Yorke após a declaração do vocalista do Radiohead e do The Smile sobre o conflito entre Israel e Palestina. O artista, conhecido por seu trabalho como músico solo e comediante, reagiu à postagem de Yorke feita em 30 de maio, na qual o cantor britânico abordou sua posição sobre o cenário em Gaza e os ataques do Hamas ao festival israelense Supernova, em outubro de 2023.
Yorke afirmou que considera o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu “totalmente fora de controle” e defendeu que “a comunidade internacional deve exercer toda a pressão possível para que eles parem”. No entanto, também questionou o movimento pró-Palestina, escrevendo:
“O refrão inquestionável da Palestina Livre que nos cerca não responde à simples pergunta de por que os reféns ainda não foram todos devolvidos. Por qual possível motivo?”
Em resposta, Watts publicou em seu Instagram:
“Fiquei decepcionado ao ver que a declaração de Thom centraliza seus sentimentos feridos e enquadra as demandas de seus fãs para que ele se manifeste como uma ‘caça às bruxas nas redes sociais’, em vez de reconhecer a urgência do apelo para que ele se posicione contra a crise humanitária histórica na Palestina.”
O artista ainda sugeriu que Yorke deveria refletir sobre sua postura e escutar mais atentamente o clamor por justiça:
“Espero que Thom reflita e se descentre do clamor público contra o genocídio, porque se ele e seu legado artístico defendem o amor e a humanidade como ele afirma, ele pode passar a ver as ações de seus fãs como um ato de solidariedade amorosa com as pessoas que sofrem — uma afirmação necessária de nossa humanidade nestes tempos sombrios.”
Watts também criticou o que chamou de “retórica comum” usada por aqueles que evitam se posicionar:
“Quero abordar a repetição de Thom de uma tática retórica comum daqueles que se dedicam a manter o status quo — de que não se pode falar ou exigir o fim do genocídio a menos que se compreenda completamente a profunda ‘complexidade’ deste conflito histórico.”
Finalizando seu texto, ele fez um apelo direto aos fãs de Yorke:
“Rejeitem esse sentimento neutralizador de convicções e desmobilizador e confiem em seus corações. Você não precisa ser um estudioso de geopolítica para saber que matar crianças de fome e massacrar famílias é errado.
Sua participação na família humana lhe confere autoridade e, de fato, responsabilidade de se manifestar. Toda mudança positiva começa com pessoas conscientes e amorosas levantando suas vozes e trabalhando juntas para criar um mundo melhor. Por favor, continuem lutando até que nossos irmãos e irmãs na Palestina sejam livres.”
Essa foi a primeira vez que Thom Yorke se manifestou publicamente sobre a guerra entre Israel e Hamas. No entanto, o Radiohead já havia enfrentado polêmica em 2017 ao manter um show em Tel Aviv mesmo diante de intensos protestos internacionais.
Entre os que pediram o cancelamento da apresentação estavam Roger Waters, Thurston Moore, Young Fathers e o arcebispo Desmond Tutu, que assinaram uma carta aberta emitida pela Artists For Palestine UK.
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