Presença peca por ser arrastado embora apresente um final tenso sustentado por uma interessante ideia
- Eduardo Salvalaio
- há 15 horas
- 3 min de leitura
Sabe aquela produção que seria melhor como curta metragem? Pois então. Presença é uma delas

O que seria do terror sem a casa mal assombrada? Certamente é um dos cenários que ajuda a construir o gênero em filmes aterrorizantes, influentes e até imprevisíveis. A trama pode acontecer na casa abandonada cheia de histórias e lendas que é herdada por alguém, ou então na residência que uma família escolhe para morar pensando em encontrar sua tranquilidade e felicidade, mas que não sabe o mal que lhes aguarda.
A segunda opção citada anteriormente foi a escolhida do diretor Steven Soderbergh (Sexo, Mentiras e Videotape, 1989) e do roteirista David Koepp (Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros, 1993) para a narrativa de Presença (Presence, 2024). O casal Chris e Rebekah, junto aos seus filhos Chloe e Tyler, chegam para morar em sua nova casa. Entretanto, a família passa a sentir cada vez mais uma entidade que está vagando pelo lugar.
E sem firulas, logo na abertura do filme, o espectador sente essa misteriosa figura rondando pelo cenário. Diante de uma câmera assumindo uma visão em primeira pessoa, algo avança pelos cômodos da casa observando a chegada dos novos moradores. Uma câmera nervosa e inquieta que a princípio nos deixa ansiosos sobre o que está reservado para essas quatro pessoas.
Assumindo muito do gênero drama psicológico, aqui também existe a relação a respeito de pais e filhos que muitas vezes não se ajustam. E a pobre Chloe, que é a pessoa da família que mais sente a presença da entidade, também passa por um trauma recente após perder uma amiga, supostamente morta por overdose.
O terror aqui fica ofuscado e nem mesmo sustos estão garantidos. Claro que existem alguns clichês típicos do gênero como portas se fechando, objetos mudando de lugar e/ou caindo, além da presença de uma sensitiva para ajudar a família diante da entidade. Entretanto, é nos 20 minutos finais que a real proposta do filme chega. De forma densa e chocante, o espectador se surpreende.

Porém, o filme de Soderbergh se arrasta. Aqui os personagens (talvez Chloe?) não despertam carisma e a narrativa se desgasta pelos monótonos diálogos da família, sobretudo entre os irmãos Chloe e Tyler.
Digamos que a ideia do diretor é excelente, entrega uma abordagem interessante sobre um dos perigos dos tempos atuais os quais realmente devemos temer, todavia acontece depois de 60 minutos arrastados numa narrativa que perde muito tempo com os atritos da família, sobretudo entre os irmãos Chloe e Tyler.
O filme conta com um elenco conhecido e traz nomes como Lucy Liu (As Panteras, 2000), Julia Fox (Jóias Brutas, 2019) e Chris Sullivan (Guardiões da Galáxia Volume 2, 2017). A trilha sonora envolve desde composições orquestradas de Zach Ryan até Rocks pesados a exemplo da canção ‘Come Here’ de Dominic Fike e ‘Covet’ do Basement.
Sabe aquela produção que seria melhor como curta metragem? Pois então. Presença é uma delas. Muita coisa poderia ter ficado de fora, e olha que o filme tem apenas 84 minutos.

Presença
Presence
Ano: 2024
Gênero: Terror
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: David Koepp
Elenco: Julia Fox, West Mulholland, Eddy Maday, Callina Liang, Chris Sullivan, Lucy Liu
País: Estados Unidos
Duração: 84 min