Presente Maldito tem narrativa perturbadora embora não transmita bem suas metáforas e simbologias
- Eduardo Salvalaio

- 22 de out.
- 2 min de leitura
Os três itens que são colocados na caixa conseguem segurar a atenção do espectador

Filmes de Terror costumam nos incomodar com alguns objetos que os personagens recebem de presente ou herança. Até então, um objeto que parecia simples e inofensivo, pode esconder todo um ciclo de maldições e mortes para o azarado que teve a missão de ficar com o objeto. Exemplo mais recente pode ser visto em O Macaco (2025) onde um macaco de brinquedo não dá sossego para os irmãos que o recebem.
Em Presente Maldito (Vicious, 2025), filme com roteiro e direção de Bryan Bertino (Os Estranhos, 2008), Polly (Dakota Fanning) está diante de mais uma noite que parece ser tranquila, até receber a visita inusitada de uma estranha senhora que lhe entrega uma caixa sem muitas explicações.
A visitante diz que a jovem morreria naquela noite e que precisaria colocar na misteriosa caixa três coisas: algo que odeia, algo que ama e algo de que precisa. Com uma ampulheta por perto, Polly a princípio não acredita nas palavras da senhora, chegando até a expulsá-la de sua casa.
Entretanto, sem tempo para ganhar fôlego, após a presença inesperada, a jovem entra numa espiral de sustos, visões e até de constantes telefonemas com vozes estranhas do outro lado. Esse ritmo de perturbações aumenta gradativamente e não dará trégua até os minutos finais.
Trabalhando praticamente com fotografia escura, esse é mais um filme que volta a deixar o espectador inquieto e na dúvida sobre os eventos vistos na tela: são delírios e paranoias da personagem? Tem ligação a um passado traumático? Ou realmente tudo está acontecendo dentro da realidade que cerca o personagem?
Claro que essa tortura psicológica de Polly também recai para o físico com cenas mais fortes que exibem sangue e mutilações (esteja avisado). As coisas pioram quando pessoas próximas a ela podem ser vítimas desse processo.

Bertino não foge das regras e clichês típicos do gênero. O rosto que aparece do outro lado do espelho, o vulto passando repentinamente pelo quarto, o personagem sem ajuda externa, o estranho que adentra nossa casa, a batida estranha na porta, o armário que se tranca sozinho.
Problema maior de Presente Maldito é que mesmo dentro de uma narrativa frenética, a conclusão da trama pode soar morna não agradando tanto os fãs do gênero. As ideias são até bem apresentadas, porém muito fica mal encaixado e explicado.
Dakota Fanning transmite bem o sofrimento de Polly. A atriz loira parece estar bem envolvida com o gênero e vem atuando em muitas produções de uns anos pra cá (também esteve presente em Os Observadores que igualmente merecia um melhor retoque).
A película não costura tão bem os simbolismos, metáforas e subtramas que apresenta. Os três itens que são colocados na caixa conseguem segurar a atenção do espectador, mas após essa parte, a produção despenca para algumas soluções que esfriam as surpresas que estão por chegar
Com certa regularidade e por meio de cenas que poderiam ser menos repetitivas, Presente Maldito tem seus momentos radiantes e melhores justamente no que a caixa exige de seu dono. Depois disso, o encanto não continua mais o mesmo.
















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