Sacramento reforça o poder da amizade e de entender a diferença do próximo
- Eduardo Salvalaio

- 19 de out.
- 2 min de leitura
Como diz um dos próprios personagens: ‘a vida é louca e existe muita coisa que não podemos controlar’

A amizade é comumente um tema bem aproveitado pelo cinema. Muitas foram as produções que trabalharam com esse sentimento. Alguns filmes fazem questão de mostrar como criamos laços fortes de amizade desde criança, caso de Conta Comigo (1986), outros abordaram o sentimento quando ele é construído através de muitos atritos, exemplo de Antes Só do que Mal Acompanhado (1987).
Sacramento (Sacramento, 2024) é mais um filme cuja narrativa circula em torna da amizade. O diretor e roteirista Michael Angarano (que também atua como ator) se aproveita da questão da amizade para também trabalhar com outros temas a exemplo de paternidade, família e aceitação.
Rickey (Michael Angarano) e Glenn (Michael Cera) são dois amigos de infância que após adultos, tiveram rumos diferentes. Quando o enérgico Rickey resolve lançar as cinzas do pai na cidade de Sacramento, então ele reaparece na vida de Glenn, agora casado e prestes a ser pai.
Os dois saem então de viagem juntos. Os trezentos quilômetros de viagem a bordo de um conversível trarão algumas memórias, entretanto, existe a desconfiança de Glenn de que muitas coisas ali foram inventadas por seu amigo para convencê-lo a viajar.
Porém, embora Rickey esteja mentindo, ele precisa ir até o lugar, mas os motivos só chegarão perto do final do filme. Até lá, a jornada de ambos envolverá atritos, bebedeiras, indecisões, inseguranças e até mesmo um ringue de luta serve de apoio para os dois amigos extravasarem suas emoções.
Também vamos conhecendo mais sobre nossos personagens, ambos com suas fragilidades, idiossincrasias, inseguranças. Se por um lado Rickey faz da mentira um recurso para ganhar a atenção do amigo, por outro Glenn tem medo de perder o emprego e mal sabe escolher o berço do filho.

Num misto de Comédia e Drama, e por que não até com pitadas de Road Movie, o filme abraça bem variados aspectos da vida e, mesmo sendo uma narrativa simples, tem os pés firmes no chão, mostrando cenas da vida real como a dificuldade de entrar para a vida adulta e assumir responsabilidades.
A trilha sonora colabora com a atmosfera do filme. No repertório, temos o R&B/Soul de Solomon Burke com ‘Won't You Give Him (One More Chance)’, Smog (projeto musical de Bill Callahan) e seu Country Folk ‘Hit The Ground Running’ e também o lendário Ron Wood (ex-integrante do The Faces) com ‘Act Together’.
Certas cenas poderiam ter um diálogo menos cansativo ou arrastado, contudo isso não tira o equilíbrio do filme que faz questão de delinear seus personagens gradativamente e de insinuar que é preciso entender as diferenças do outro e ter a humildade de aceitar a ajuda do próximo quando os problemas e as dificuldades surgem.
Como diz um dos próprios personagens: ‘a vida é louca e existe muita coisa que não podemos controlar’. A amizade, tal qual no filme, é um dos recursos que nos ajudam a conviver com tudo isso.
















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