Norah Jones apresenta, em 2024, o emocionante "Visions", um dos melhores discos de sua carreira

"Visions" foi lançado em 8 de março de 2024.

Quando foi lançado "Come Away With Me" em 2002, muitas pessoas, seja do público ou da crítica, se surpreenderam positivamente com um disco que conseguiu ser suave, doce, meloso e sentimental, seja pelos instrumentos musicais, pelo uso do pop no jazz ou pela sensibilidade vocal da cantora, compositora e pianista estadunidense Norah Jones, que veio a se tornar uma grande revelação musical dos anos 2000.

Após esse trabalho, Jones não ficou limitada apenas ao jazz e se mostrou ser bem versátil em diversos gêneros musicais. Em 2004, lançou "Feels Like Home", um álbum voltado ao country; flertou com o indie ao lançar em 2012 "...Little Broken Hearts"; fez um trabalho de duetos com Billie Joe Armstrong (vocalista da banda de punk rock Green Day) no disco "Foreverly" de 2013; e até mesmo gravou canções natalinas, como "I Dream of Christmas" de 2021.

Porém, Jones nunca deixou de lado o pop e o jazz, e para comprovar isso, ela lança em 2024 "Visions", seu nono álbum de estúdio e de inéditas após 4 anos do lançamento de "Pick Me Up Off The Floor" de 2020, que ficou marcado pelo seu lírico pessimista. Nesse novo trabalho, ela mostra a sua sensibilidade e os seus amadurecimentos pessoais que percorrem seus 23 anos de carreira, transformações pessoais e o uso de uma sonoridade magnífica e expansiva que merece a atenção dos ouvidos e a alma aberta para sentir as suas emoções.

O disco possui 12 faixas que têm como objetivo trazer dança, liberdade, amor e aceitação para as coisas que a vida traz, para compreender tanto as tempestades como as bonanças em líricos profundos e sentimentais, juntados em uma sonoridade grande, acolhedora e expressiva, que são marcas registradas de Norah Jones. O trabalho é lançamento da Blue Note Records, uma das mais conceituadas gravadoras de jazz do mundo.

O álbum abre com "All This Time", mostrando Jones em um tom vocal bem afiado, emocionante e cristalino para cantar um lindo lírico de um amor cheio de declarações românticas, onde ela expressa o desejo de pensar na pessoa amada e a pede para ficar, numa levada bem jazzística que a torna uma excelente abertura para este trabalho.

“Paradise” é uma música com letra focada no romantismo que respeita a vontade da pessoa ir e depois voltar para demostrar o seu respeito em forma de paixão para querer voltar juntos ao seu paraíso particular e aqui somos levados pelo contagio de uma voz bem suave e um suingue sonoro que pode levar o ouvinte a dançar com seu ritmo que chega a ser contagiante, elétrico e cheio de energia.

"I Just Wanna Dance" é mais uma que convida o ouvinte para dançar, em uma levada que mistura descontração com um tom vocal bem sensual. Enquanto isso, "Running" possui um pop soul que se destaca pela leveza de seus instrumentos musicais e pelo uso de uma voz impactante por parte da cantora.

"Staring at the Wall" apresenta o jazz e o pop flertando com a surf music, produzida por nomes como The Beach Boys e Dick Dale, por conta dos sons de guitarra e pela vibe relaxante percebida no tom descontraído da voz de Jones. Já a faixa título apresenta uma bonita canção com letras sentimentais e um som que funde o jazz com o country.

"I’m Awake" é uma das músicas mais maduras não apenas do disco, mas também da carreira de Jones, por conseguir misturar o pop e o jazz em uma soul music bem carregada em termos politizados e emocionais, para retratar pensamentos e medos sem nenhum remorso. Ela havia feito isso muito bem em "Flipside", maravilhoso hit do disco "Day Breaks" de 2016, mas aqui conseguiu elevar seu cancioneiro a um nível muito alto que merece todos os elogios possíveis.

"That’s Life" é uma música que encerra o álbum. Ela não é a mesma música que o ilustre Frank Sinatra gravou para o álbum "That’s Life" de 1966 e que foi regravada por inúmeros artistas. Essa tem composição de Norah Jones com Leon Michels e possui um significado igualmente profundo, que nos faz refletir sobre a vida em uma sonoridade incrível, tornando-a um encerramento perfeito para o disco.

"Visions" é um dos melhores discos que Norah Jones já fez em muito tempo, e isso é percebido no uso equilibrado de canções alegres, intimistas e emocionais, com o talento da artista para tocar piano de forma mágica, seu lado como compositora que mostra habilidade e versatilidade para falar de vários temas, seu lado sonoro por transitar e misturar gêneros musicais sem perder a essência, e seu vocal que segue encantando, suavizando e embelezando de uma forma acolhedora.

É nítido o quanto ela vai de vários extremos rapidamente, mas quando consegue chegar a níveis admiráveis e magníficos, ela se torna gigante. Ela precisava mostrar algo que soasse leve, feliz e maduro ao mesmo tempo, e isso ela consegue fazer com o uso de sua inquietude ao trazer sensações e vibrações que certamente os ouvidos, de forma alegre, jamais irão se esquecer de suas visões íntimas, líricas e musicais.