Noite dos Desaparecidos falha como uma antologia cativante embora seja inspirado no terror do passado
- Eduardo Salvalaio
- há 21 horas
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A criatividade acaba sendo substituída pela falta de funcionalidade e desconexão das histórias para aumentar a tensão do filme por completo
Dificilmente uma antologia de terror não costuma chamar a atenção. A estratégia de contar várias histórias dentro de um único filme muitas vezes gera um resultado inesperado, além de fugir de um padrão linear que geralmente se fixa na monotonia. Ao longo dos anos, antologias marcaram o Cinema dentro do gênero, a exemplo de Creepshow (1982) e V/H/S (2012).
Noite dos Desaparecidos (Night Of The Missing, 2023) dos diretores Samuel Gonzalez Jr. e Matthew Hersh é mais uma antologia que chega. No filme, uma delegada recebe a inesperada visita de uma mulher misteriosa que passa a lhe contar casos sobre algumas pessoas desaparecidas.
O início realmente apresenta uma atmosfera sombria. Um carro de polícia tem sangue em seus vidros, alguém ali foi assassinado e só escutamos um diálogo pelo rádio do veículo. Em seguida, somos levados para uma isolada delegacia onde uma mulher surge durante forte tempestade.
Notamos que essa é uma produção de baixo orçamento, pois os efeitos são bem rudimentares. Os diretores trazem uma forte influência do terror 80’s/90’s, tanto que os créditos iniciais chamam logo a atenção por conta dessa associação com o gênero e seu passado. O filme contém quatro histórias (ou segmentos, se preferir).
Na primeira história, uma das mais interessantes, um garotinho deseja apenas saborear um sorvete e é surpreendido por um inesperado visitante. Os elementos do terror aqui são geniais, espere alguns sustos, embora não fujam dos velhos clichês. Uma história que acaba perdida, pois o fim chega com menos de 8 minutos. Mesmo caso para a terceira história que acaba finalizada de forma rápida e incompleta.
Os quatro segmentos não compactuam da mesma criatividade e não se sustentam por muito tempo. A quarta história, por exemplo, acaba sendo a mais longa, desnecessariamente. Se a imprevisibilidade é uma das características mais fortes de uma antologia, aqui ela passa longe e traz um Terror morno e arrastado.
A segunda história mescla doses de erotismo, sci-fi e elementos de terror retrô, conferindo um lado versátil dos diretores. Entretanto, é outra história que não sabe ser bem conduzida mesmo com o potencial narrativo que tinha no início e da presença do inesperado por acontecer.
A criatividade acaba sendo substituída pela falta de funcionalidade e desconexão das histórias para aumentar a tensão do filme por completo. Isso resulta num filme regular, restando ao espectador saber como a trama da delegacia será finalizada (entre a delegada e a mulher misteriosa). Mesmo assim, é um final que não responde muitas dúvidas, e certamente é quase difícil rever o filme para chegar a outras conclusões e interpretações.
