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A Amizade Mora ao Lado: jornais, xadrez, pizzas e uma amizade capaz de esmagar momentos difíceis

A Amizade Mora ao Lado é sincero, real e aquece nosso coração

Cena do filme, A Amizade Mora ao Lado
Créditos: Prime Video / Divulgação

Filmes que trazem a amizade como tema não param de mostrar que ela não escolhe gênero, classe social e personalidades distintas. Da mesma forma, a amizade até aproxima pessoas de diferentes idades. Entre muitos filmes, podemos citar dois onde a faixa etária era bem distinta: a bela animação australiana Mary e Max - Uma Amizade Diferente (2009) e no sensível Little Wing (2024).

 


O filme islandês A Amizade Mora ao Lado (Einvera, 2024) da diretora Ninna Pálmadóttir traz em sua trama a amizade entre um idoso e um garoto de dez anos.  Porém, muito mais que refletir sobre o poder transformador da amizade, também coloca sabiamente questões sobre família, solidão, o lugar onde criamos laços e adaptação.

 

Gunnar (Þröstur Leó Gunnarsson) se vê obrigado a sair de sua fazenda, pois o governo islandês pretende construir uma represa na região. Ele segue então para Reykjavik onde nos primeiros dias conhece Ari (Hermann Samúelsson), um garoto de dez anos que também entrega jornais.

 

Ambos solitários, os dois possuem seus problemas. Gunnar ainda se lembra da fazenda que precisou deixar para trás, enquanto Ari vive com seus pais separados e frequentemente os vê discutindo. É através de um jornal (que Ari entrega gratuitamente, mas Gunnar faz questão de pagar) que os dois se aproximam.

 

Numa espécie de mutualismo, os dois alcançam ânimo para desafiar não apenas a solidão, bem como para dar início a uma nova vida. Gunnar precisa se adaptar a sua nova rotina, Ari tem seus momentos de alegria e de conversas que muitas vezes seus pais não proporcionam.

 

Entre jogos de xadrez, pizzas e conversas sobre refugiados no país, os dois passam a ter novos hábitos. Gunnar é o tipo de homem sem muito conhecimento de tecnologia que nem sabe ligar uma TV (que Ari faz questão de ensinar). Ari ganha um livro sobre xadrez para aprimorar seu domínio sobre o esporte. Convivência, aprendizado e adaptação passam a ditar as regras da amizade.

 

Gunnar, uma pessoa simples, mesmo após receber uma indenização milionária do governo (em troca de sua fazenda), não perde a humildade e a humanidade. Um homem que deseja apenas encontrar seu lugar no mundo, esquecer o passado e viver pacificamente. Carregado de melancolia, é com Ari que ele vai se sentir feliz e até esboçar uma alegre dança ouvindo rock no rádio de sua casa.

 

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Com uma bela fotografia, mesmo que muitas vezes pálida e acinzentada, a película reserva algumas belas cenas (daquelas que ficam retidas em nossas memórias). Uma delas, por exemplo, mostra o enquadramento da fazenda de Gunnar pelo retrovisor interno de seu carro quando ele vai embora do lugar.

 

A construção dos diálogos também propicia a boa atmosfera do filme. Difícil não se emocionar com algumas partes (como da leitura da carta de Gunnar). Um tema abordado (já citado anteriormente) é a questão dos refugiados. Aqui, esse tema se destaca dentro de uma narrativa que busca evidenciar problemas comuns da atualidade, mas tudo sem soar sentimentalista demais ou que ofusca a presença dos personagens e do tema central que é a amizade.

 


Existem os momentos amargos e tristes. Eles chegam. Como de costume nesse tipo de filme. Sem apelos para a violência extrema ou sem complicar a narrativa, o espectador ficará aflito por alguns acontecimentos. Lembrem-se: amizade também passa por seus percalços. Aqui não é diferente.

 

A Amizade Mora ao Lado é sincero, real e aquece nosso coração. Pena que costuma ser um tipo de produção não tão divulgada em territórios brasileiros, sobretudo por se tratar do cinema europeu. Confira e assista ao lado de um grande amigo, de preferência.

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Trailer:


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