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O Agente Secreto: Kleber Mendonça Filho transforma o Recife da ditadura em um thriller político e emocional

Com “O Agente Secreto”, Kleber Mendonça Filho entrega uma experiência cinematográfica completa

Divulgação/Vitrine Filmes
Divulgação/Vitrine Filmes

Em 2 de março de 2025, o Brasil e o mundo voltaram seus olhos ao cinema nacional quando Ainda Estou Aqui, de Walter Salles — estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello — conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional, retratando a ditadura militar brasileira com poesia, crítica e emoção. Agora, o país pode novamente alcançar o topo com “O Agente Secreto”, novo longa do aclamado cineasta Kleber Mendonça Filho, que mergulha no Recife dos anos 1970 para explorar drama e identidade em meio à repressão política.

 


Ambientado em 1977, a narrativa acompanha Marcelo (interpretado por Wagner Moura), um professor de tecnologia que decide deixar São Paulo e recomeçar a vida em Recife, tentando se reaproximar do filho, Fernando. Fugindo de um passado turbulento, Marcelo busca paz — mas encontra o oposto. Cercado por olhares vigilantes e mistérios que o espreitam, ele percebe que o refúgio que imaginava é, na verdade, um labirinto de desconfianças, segredos e memórias sufocadas.

 

Kleber Mendonça Filho mais uma vez comprova seu talento singular. O cineasta pernambucano mistura cores vibrantes, crítica política ácida, metáforas sociais e um respeito profundo pela memória brasileira. Em O Agente Secreto, ele revisita temas recorrentes de sua filmografia — como desigualdade, urbanidade e pertencimento — já vistos em O Som ao Redor, Aquarius, Bacurau e Retratos Fantasmas.

 

A diferença, agora, é o recorte histórico: a ditadura militar brasileira, mostrada de forma simbólica e inquietante, onde o terror não é apenas físico, mas psicológico. A direção transforma o Recife em um personagem vivo — suas ruas, praias, bares, cinemas e carnavais ecoam beleza e tensão em igual medida.


Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

 

O elenco é um espetáculo à parte. Wagner Moura entrega uma de suas performances mais intensas e emocionais no cinema. Seu personagem Marcelo é humano, complexo e cheio de camadas — um homem dividido entre culpa e redenção, lembrando figuras como Travis Henderson (Paris, Texas) e Viktor Navorski (O Terminal) com ares investigativos que remetem à Sherlock Holmes e Arsène Lupin.


Outro grande destaque é Tânia Maria, que fez a inesquecível Dona Sebastiana e se eternizou com seu talento e com sua frase marcante “Vamos mudar esse clima, vou botar uma música” que a colocou como personagem marcante na filmografia de Kleber e na história do cinema. Aos 78 anos, ela esbanja carisma, sabedoria e naturalidade, provando que a arte não tem idade pois ela começou a atuar aos 72 anos. Sua presença impactante faz remeter à atriz argentina Mirtha Legrand e à atriz brasileira Fernanda Montenegro que driblam o etarismo com maestria.


Laura Lufési, entrega uma atuação visceral, autêntica e magnética como Flávia. Sua entrega emocional e domínio de cena revelam uma artista promissora que, se continuar nesse caminho, certamente se firmará como um dos grandes nomes do futuro do cinema brasileiro.

 

Entre os demais nomes do elenco, Gabriel Leone e Roney Villela se destacam como a dupla de assassinos Bobbi e Augusto, entregando atuações intensas e cheias de carisma. Carlos Francisco emociona ao interpretar o projetista de cinema Seu Alexandre, trazendo sensibilidade e profundidade ao personagem. Já Hermila Guedes, Alice Carvalho, Isabél Zuaa, o ator alemão Udo Kier, Maria Fernanda Cândido, Tomás Aquino, João Vitor Silva e Robério Diógenes brilham em performances marcantes e cheias de personalidade, cada um contribuindo com força e identidade para o enredo.

 

A trilha sonora é um verdadeiro mosaico da cultura nacional. Kleber Mendonça combina Lula Côrtes & Zé Ramalho com faixas do mítico álbum “Paêbirú” de 1976, a Angela Maria com a inesquecível "Não Há Mais Tempo", Waldick Soriano com a clássica “Eu Não Sou Cachorro Não”, Orquestra Nelson Ferreira, Conjunto Concreto Viola e a lendária Banda de Pífanos de Caruaru. A mistura ainda ganha peso com a presença internacional de Ennio Morricone com “Guerra e pace, pollo e brace”, Chicago com “If You Leave Me Now” e Donna Summer com “Love To Love You Baby”, reforçando o contraste entre o regional e o universal.

 

O Agente Secreto é mais do que um filme político — é um espelho emocional de um país que ainda busca compreender e refletir seu passado, em especial a ditadura militar brasileira. Com um roteiro pulsante, atuações memoráveis e uma direção inspirada, Kleber Mendonça reafirma sua posição como um dos grandes cineastas da atualidade.

 

A obra tem força suficiente para representar o Brasil no Oscar 2026 e emocionar o público global, unindo brasilidade e universalidade em um filme único, corajoso e inesquecível a ponto de se concorrer ao Oscar possui grandes chances de levar estatueta novamente para o Brasil.


Vanity Brasil - Entretenimento
Vanity Brasil - Entretenimento

Com “O Agente Secreto”, Kleber Mendonça Filho entrega uma experiência cinematográfica completa — densa, poética, provocadora e profundamente humana. Um filme que faz o espectador refletir sobre o passado e, ao mesmo tempo, enxergar o presente com novos olhos.

 


É, sem dúvida, um dos grandes filmes de 2025 e um retrato poderoso do cinema brasileiro em sua melhor forma, que vive um grande e admirável auge, onde se espera que esse momento áureo permaneça, com filmes cada vez mais maravilhosos e cativantes como esse, “Ainda Estou Aqui” e muitos outros que foram produzidos nos últimos anos.

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Veja abaixo o trailer de "O Agente Secreto"


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