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Foto do escritorEduardo Salvalaio

Série Twisted Metal cria um cenário pós-apocalíptico caótico, diferente e inusitado

Atualizado: 24 de ago. de 2023

O seriado traz sim muitas referências dos jogos, porém cabe ao espectador decifrar como elas estão encaixadas na produção.

Foto: Divulgação


O histórico das adaptações de jogos para o cinema não é tão favorável. Por conta disso, o espectador fica receoso do que verá nas telas e a produção cinematográfica pode ser um fiasco trazendo prejuízos para quem investiu nela. Neste texto, abordaremos resumidamente a primeira temporada de Twisted Metal, sem entregar SPOILERS.


Twisted Metal foi um jogo muito vendido e bastante querido, sobretudo na época do PS1 e PS2. Dentro de um cenário pós-apocalíptico, o jogador precisava enfrentar arenas de combates entre veículos. O objetivo era destruir todos os oponentes até chegar a um imponente chefe final e poder vencer a competição. O prêmio para o vencedor era conseguir realizar seu desejo, geralmente num desfecho contundente e inesperado (o que garantia um ar sombrio típico dos jogos da franquia).



A partir de 2012, a franquia perdeu forças por não trazer mais jogos de peso e ficar presa na mesmice e no passado. Ficou vivendo da nostalgia e de algumas versões remasterizadas (sem muito brilho) que chegaram para os consoles atuais. Em 2012, a Sony cogitou fazer uma produção de cinema baseada no jogo, o que acabou não se realizando. Dez anos depois, durante a feira de eletrônicos CES 2022, veio a notícia de que uma série de TV estava em produção.


Twisted Metal não chega a ser um desastre como foi Resident Evil (na Netflix), mesmo que intercale bons momentos com outros hediondos e até mesmo desnecessários. Talvez seja por trazer analogias a Mad Max (1979) ou até mesmo por passar um gosto de Road Movie. Adicione a isso tudo uma linguagem audiovisual rápida, moderna e colorida, fácil de capturar tanto fãs dos jogos como quem adora uma trama cheia de ação, humor e combates.


Sem muitas explicações, a série nos joga diretamente ao caos que infestou o planeta. E, num tom jocoso, o narrador relata que o mundo virou uma porcaria e que computadores, eletricidade e internet pararam de funcionar. A falta de acesso fácil à pornografia fez muitas pessoas surtarem.


É exatamente com essa narrativa prezando a veia cômica e sem apelos para toques melodramáticos e sentimentalistas demais que somos prontamente jogados para um universo caótico que estará recheado de situações inusitadas e personagens bizarros criados por um próprio mundo que se perdeu e que fugiu ao controle de regras e do senso de humanidade.



Apesar disso, o elemento principal do jogo está na série: o carro. Aqui, ele extrapola a ideia de status (que temos hoje em dia). Ele é um recurso mais do que necessário para sobreviver num mundo devastado, inóspito, separado por facções, repleto de malfeitores e saqueadores. Para John Doe (Anthony Mackie), o carro é como uma companheira inseparável tanto que ele chama carinhosamente o veículo de Evelyn.


Evelyn é a responsável pelo sustento de John em sua função de ‘leiteiro’. No universo TM, essa função significa ser um motorista audacioso que precisa fazer entregas pelas estradas perigosas do país. Essa relação entre homem e máquina será bem pulsante ao longo dos episódios, inclusive com direito a uma cena onde a personificação do carro é levada ao extremo (e capaz até de conseguir transferir todo um sentimento dramático na história por meio de um flashback).


Mas, avisamos previamente que o espectador precisa curtir a série sem desejar máxima fidelidade ao jogo. Apesar do cenário emprestado, de brigas pelas estradas e de um mundo onde carros armados garantem a sobrevivência, a trama muda seu foco e alguns elementos são alterados apesar da associação com os jogos da franquia.

Por exemplo, veremos os famosos e clássicos carros dos jogos (Roadkill, Twister e Flower Power) bem como alguns personagens (Amber Rose, Watts, Agent Stone, Bloody Mary) presentes. Porém, a série cria uma narrativa um tanto diferente, embora use elementos e características do famoso jogo. Exemplo é Mr. Slam que aqui é o nome de um dono de bar enquanto no jogo é uma poderosa e mortal escavadeira.



O seriado traz sim muitas referências dos jogos, porém cabe ao espectador decifrar como elas estão encaixadas na produção. E isso não é de todo ruim, pois é fato que sempre ficamos curiosos de quem pode surgir na série a cada episódio (e como será esse veículo ou esse personagem).



Claro que quem pode roubar a cena é Sweet Tooth em seu notório furgão de sorvetes. Desde a robusta dublagem de Will Arnett passando pela atuação corporal de Joe Seanoa, a série perderia muito se não tivesse incluído o notório palhaço. Eu sua figura de psicologia desequilibrada, alternando entre a docilidade e a brutalidade, o personagem consegue passar tanto carisma quanto medo.


Dentro de um universo sem regras e de pessoas querendo fazer suas próprias leis, o palhaço não chega a ser um completo vilão na trama. Entretanto, espere dele cenas brutais, muitas vezes regadas de Gore e Slasher. Sweet Tooth faz de sua carnificina uma exposição teatral que precisa ser finalizada com uma plateia em aplausos. Pode ser aterrorizante, mas ele é um dos tantos personagens estranhos que rondam os 10 episódios.


A produção conta ainda com um elenco interessante e variado, sobretudo por trazer Neve Campbell (série de filmes Pânico) e Thomas Haden Church (personagem do Homem de Areia em Spider-Man 3, 2007). Ambos estavam bem esquecidos pelo público e aqui desempenham papéis fundamentais para a história.

A trilha sonora também merece destaque. De Rap a Rock, muitas canções conhecidas do público ajudam em cenas explosivas, de reviravoltas dos personagens ou mesmo em cenas que chegam cercadas de ironias. Difícil ficar imune a um repertório variado e abrangente: ‘Straight Outta Compton’ (N.W.A.), ‘Champagne Supernova’ (Oasis), ‘Barbie Girl’ (Aqua), ‘All The Things She Said’ (t.A.T.u.), ‘Mmmbop’ (Hanson), ‘Roads’ (Portishead), ‘Epic’ (Faith No More).


Claro, não faltaram os ganchos do último episódio para uma possível segunda temporada que, pelo visto, deve acrescentar ainda mais um sabor caótico entre os personagens. Twisted Metal é uma série que será ainda mais curtida para aqueles que gostam de produções que jogam tudo num caldeirão e cujo resultado é algo que geralmente não dá para se classificar.


Nessa mistura, temos muita coisa: humor geralmente ácido, muitos personagens psicóticos, ação, surpresas, erotismo, palavrões, perseguições, referências à Cultura Pop. Não fica nem faltando o absurdo para dar o toque final da criação de um cenário pós-apocalítico que tenta ir por um viés diferente (e consegue).

 

Twisted Metal


Ano: 2023

País: EUA

Gênero: Ação, Comédia, Aventura

Criado por: Michael Jonathan Smith

Elenco: Anthony Mackie, Stephanie Beatriz, Joe Seanoa, Neve Campbell

Duração: 1 Temporada


 

NOTA DO CRÍTICO: 6,5

 

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Trailer:




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