Radiohead retorna aos palcos após sete anos e reacende o espírito da música alternativa
- Marcello Almeida
- há 8 horas
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O silêncio terminou
Foram sete anos de pausa, especulações e ausência. Na noite desta terça-feira (04), o Radiohead voltou a ocupar o espaço que parecia reservado apenas à memória: o palco. O reencontro aconteceu na Movistar Arena, em Madrid, diante de um público que testemunhou a abertura da nova turnê europeia — e o renascimento de uma das bandas mais emblemáticas da música contemporânea.
O grupo britânico apresentou um show de 25 músicas, em um formato circular cercado por uma imensa tela de LED translúcida que refletia, em tempo real, a própria performance. A estética, quase hipnótica, propôs uma experiência imersiva, onde som e imagem se dissolviam num mesmo corpo, lembrando o Radiohead de Kid A, mas também o Radiohead que envelheceu junto com o mundo.
Após Madrid, a turnê segue com mais três apresentações na cidade, antes de passar por Bolonha, Londres, Copenhague e Berlim, cada uma com quatro noites previstas. Não se trata apenas de uma sequência de shows, mas de um gesto de reocupação. De uma banda que moldou a sensibilidade da era digital e agora retorna a um planeta ainda mais fragmentado, tentando reencontrar sentido nas ruínas.
Desde 2018, quando encerraram a turnê de A Moon Shaped Pool, o grupo manteve-se em suspensão: Thom Yorke e Jonny Greenwood mergulharam no projeto The Smile, enquanto os demais integrantes exploraram caminhos paralelos. Essa volta, portanto, não é apenas uma agenda, é o retorno de uma linguagem. Uma que ensinou gerações inteiras que a melancolia também pode ser beleza, e que a inquietação pode ser uma forma de fé.
No cenário da música alternativa, o retorno do Radiohead é mais do que um acontecimento: é uma reabertura de ciclo. Em tempos de algoritmos e fórmulas previsíveis, a banda ressurge como um lembrete de que ainda há espaço para o risco, para o estranhamento, para o som que provoca e não apenas agrada.
No fim das contas, talvez o maior feito do Radiohead seja justamente esse: fazer do silêncio um prelúdio, e do retorno, uma nova pergunta.
Veja o setlist:
"Let Down"
"2 + 2 = 5"
"Sit Down. Stand Up."
"Bloom"
"Lucky"
"Ful Stop"
"The Gloaming"
"Myxomatosis"
"No Surprises"
"Videotape"
"Weird Fishes/Arpeggi"
"Everything in Its Right Place"
"15 Step"
"The National Anthem"
"Daydreaming"
"A Wolf at the Door"
"Bodysnatchers"
"Idioteque"
Bis
"Fake Plastic Trees"
"Subterranean Homesick Alien"
"Paranoid Android"
"How to Disappear Completely"
"You and Whose Army?"
"There There"
