Oito anos sem Chris Cornell — e ainda parece que foi ontem
- Marcello Almeida
- há 17 horas
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A voz se foi. O impacto ficou. E quem ouviu de verdade, nunca mais foi o mesmo

Em algum lugar entre o sussurro e o trovão, entre a fúria e a rendição, viveu a voz de Chris Cornell. Hoje, 18 de maio de 2025, o tempo marca oito anos desde que ele se calou. Mas ninguém acredita nisso. Porque tem vozes que não morrem — apenas nos tocam diferente.
Chris não cantava. Ele transcendia. Em Seattle, nos anos 90, ele não só viu o grunge nascer — ele foi "parteira". O Soundgarden abriu as portas de um submundo alternativo que virou religião para quem já não se reconhecia na estética plastificada do rock de arena. “Black Hole Sun”, “Spoonman”, “Fell on Black Days” — não eram só músicas, eram estados de espírito. Como se ele soubesse exatamente o que dizer quando a gente não sabia nem por onde começar.
Depois veio o Audioslave. E, com ele, a colisão de mundos: a ferocidade instrumental do Rage Against the Machine com a melancolia crua de um homem que sempre pareceu estar à beira do abismo — e ao mesmo tempo, segurando a gente pela mão. “Like a Stone” é um epitáfio cantado em vida. “Be Yourself” é o tipo de conselho que só faz sentido quando vem de alguém que já sangrou tentando ser.
E então o silêncio. Cornell solo. Acústico. Nu. “Songbook”, “You Know My Name”, performances que desarmavam qualquer cinismo. Ele podia gritar como um anjo em chamas, mas também sabia quando sussurrar como quem pede desculpa por existir. Essa era a mágica. Não era só técnica. Era alma. Era dor. Era verdade.
Chris Cornell morreu em 2017. Mas quem se importa com datas quando a ausência ainda faz barulho? Seu legado não cabe num parágrafo, nem numa playlist. Ele está no vazio entre um acorde e outro, na lágrima que escorre sem motivo quando sua voz toca, naquele arrepio que só acontece quando uma música acerta mais fundo do que devia.
Oito anos sem Chris. Mas a gente ainda escuta. Ainda sente. Ainda canta junto, mesmo sem saber se está celebrando ou chorando.
Porque, no fim, talvez seja isso que ele queria: que a gente sentisse. De verdade.