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Foto do escritorEduardo Salvalaio

O Homem da Cabana traz personagens emocionalmente desequilibrados num ambiente claustrofóbico

Um filme para quem gosta de muitos diálogos e prefere o cinema que se adapta com a linguagem do teatro.

Foto: Paper Street Pictures


Para o Cinema, basta um único cenário para se criar um filme que ficará por anos na mente do espectador. Para isso, a trama deve mostrar sua eficácia, os personagens são obrigados a trazer carisma e nos tornar cúmplices deles, os diálogos precisam ser bem articulados para não nos deixar cansados até o final. E o ápice? Ter, preferencialmente, aquele desfecho que golpeia fortemente a nossa consciência, capaz de causar uma catarse. Podemos deixar como exemplos Festim Diabólico (1948) e Meu Pai (2020).


O Homem da Cabana (2022) do diretor californiano Lucky Mckee chega quase lá. Acostumado a trabalhar com os gêneros Terror e Drama convivendo na mesma tela, caso de The Woman - Nem Todo Monstro Vive na Selva (2011), neste seu novo filme, a intenção não é diferente.



Um velho (Stephen Lang) que mora numa cabana isolada inesperadamente recebe a visita de Joe (Marc Senter), um viajante que se perdeu pela trilha da floresta. Está pronto o filme. Considerando Joe como um mentiroso ou algum inimigo que veio lhe fazer mal, prefere deixar o visitante como refém em sua cabana, embora tente, ao mesmo tempo, conquistar a confiança e amizade do rapaz.


Realmente Lang abusa de sua atuação. Desde o início, ao acordar, entra em desespero por não encontrar Rascal. Seria um colega ou algum cachorro? Não sabemos ainda. O personagem nos passa variadas e antagônicas sensações: fragilidade, brutalidade, educação, arrogância, nervosismo, lucidez e loucura. Por conta disso, nunca é fácil saber como ele vai agir a cada minuto que passa. Capaz de nos causar pena ou mesmo medo, seu desequilíbrio emocional é constante.


Stephen Lang acaba entrando na pele de um personagem que possui até certa semelhança com o homem cego que ele próprio interpretou em O Homem Nas Trevas (2016). Não dá para julgar seu caráter e sua inteira personalidade até os créditos finais. O ator, que costuma ter um físico definido em seus filmes, aqui aparece debilitado para acrescentar a ideia de um personagem atormentado por algo, vivendo em precariedade, abatido e relapso com a aparência.


O diretor não precisa de gore e de banhos de sangue, ele prefere o Terror Psicológico que chega embutido com uma carga dramática sempre prestes a explodir (e sabemos que isso vai acontecer nos minutos finais). Usa elementos em seu cenário que acrescentam uma sensação claustrofóbica e que algo não está corretamente contado: a cabeça empalhada de um animal na parede, a precariedade e falta de higiene da cabana, a própria condição de isolamento do lugar.



Entretanto, a película é para aqueles que gostam de muitos diálogos, que preferem o Cinema que se adapta com a linguagem do Teatro e para quem curte personagens que são decifrados gradualmente. O ponto fraco é que alguns diálogos acabam tirando a tensão do filme, são desnecessários, parecem inseridos para dar uma maior duração ao tempo de exibição. Da mesma forma, Joe acaba até apagado em meio a totalidade cênica do velho da cabana, um Stephen Lang que parece ter adotado esse papel como um de seus preferidos e que lhe cai muito bem.

 

O Homem da Cabana

Old Man


Ano: 2022

País: EUA

Estreia no Brasil: 1º de julho de 2023

Gênero: Suspense, Thriller

Direção: Lucky McKee

Roteiro: Joel Veach

Elenco: Stephen Lang, Marc Senter, Liana Wright-Mark

Duração: 97 min

Classificação: 14 anos


 

NOTA DO CRÍTICO: 6,5

 

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Trailer do filme:




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