Nirvana "In Utero" A Obra de Despedida de Kurt Cobain
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Nirvana "In Utero" A Obra de Despedida de Kurt Cobain

Atualizado: 29 de ago. de 2022



O Contexto de In Utero, terceiro e último álbum do Nirvana começa justamente com toda a repercussão e aclamação que resultou no fenômeno chamado 'Nevermind'. Vejo o disco como um canal, uma espécie de refúgio ao qual Kurt Cobain extravasou e liberou todas suas angustias, medos, desejos, emoções e sentimentos que estavam ali martelando sua alma. Uma forma crua e desnuda de dizer ao mundo o que realmente estava sentindo ou vivenciando com toda aquela gloria atingida. Algo que veio da noite para o dia.


Um dos grandes Problemas enfrentados por Kurt, era justamente o fato de se sentir preso, vigiado, vivendo constantemente com a aquela inquietante sensação de estar sendo avaliado 24 horas por dia. As letras das canções do álbum estão meio que divididas entre expressar opiniões e sentimentos muito sinceros e uma pilha de contradições. Isso ao meu ver, lógico.


O Nirvana surgiu em 87, e definitivamente revolucionou o mundo do Rock em 1991, com 'Nevermind', disco que atraiu todos os olhares do mundo para a remota cidade de Seattle, fãs, e críticos de uma hora para outra estavam todos prestando atenção naquele movimento que colocaria fogo no mundo e evidenciaria bandas importantes pela frente. E lidar com todo esse alvoroço e fama se tornou algo muito sombrio e perturbador para Kurt Cobain. E Sua resposta para isso tudo foi o nervoso 'In Utero'!


O último disco do Nirvana tem muito dessa carga e descarga, uma atmosfera pesada e densa. Um álbum mais enérgico, nervoso e expressivo. Com uma autenticidade fantástica, cheia de transgressão, violação, ironias e sinceridades. O disco mais humano do nirvana, que traduz poeticamente as dores da alma! E isso já fica explícito na faixa de abertura "Serve the Servants", no acorde de introdução o ouvinte já é direcionado para uma atmosfera barulhenta e angustiante e, você logo de cara percebe que não está diante de um suposto 'Nevermind' 2. A expectativa de muita gente era justamente isso, que o Nirvana repetisse a formula de Nevermind. E In Utero é totalmente o inverso disso tudo. Um verdadeiro tapa na cara de toda a mídia e seus abusos, aquele chute na boca do estômago.


As mudanças são bem expressivas na bateria de Dave Grohl, muito mais viva e pesada. Com a densidade exata que o disco expressa em suas faixas. O trabalho de Steve Albini foi definitivo para o resultado final em In Utero. Canções acidas, movidas por uma crítica a toda invasão que a mídia fazia tanto na vida de Cobain, como da banda em si.

"Scentles Apprentice" começa com uma explosão da bateria de Grohl. Uma faixa bem barulhenta, guitarras distorcidas e um refrão onde Cobain grita: 'Hey, go away', uma música que diz muito sobre o estado de espirito de Kurt.

"Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle", é uma das faixas que mais se aproxima do lado humano, aquela canção que revela que apesar de ser um "rockstar" famoso, acima de tudo ele era humano com suas falhas, medos, desejos e angustias. E Cobain prova isso quando ele erra um dos acordes da canção gerando uma microfonia (genial), um erro que permaneceu na música e se tornou algo marcante na canção. Perturbações e abalos transbordam por essa linhas tortas da música.


"All Apologies" se configura como uma das canções mais lindas do Nirvana, a voz de Cobain, as guitarras e atmosfera que isso cria em torno da faixa é algo arrebatador. Uma letra que aborda arrependimentos e fala sobre relações conflituosas. O Verdadeiro sentimento que pulsa no peito por estar casado. Ainda é possível observar um prazer reticente em "Dumb" e uma certa incoerência em "Tourette's".


E se me permitem usar de minhas divagações, In Utero é o melhor disco do Nirvana. O meu preferido. São canções que aprofundam na mente criativa e genial de Kurt Cobain e, ao mesmo tempo depressiva e inquieta. Transmite honestidade, anseios e medos. Um álbum confidencial.

 


Lançamento: 21 de setembro 1993;

Gravação: 13-26 de fevereiro de 1993;

Gênero: Grunge e Rock Alternativo;

Gravadora: DGC

Produção: Esteve Albini;

Ouça: "Heart Shaped Box", 'Pennyroyal Tea" e "All Apologies".



 


 

Spotify:






















 

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