Morre Hermeto Pascoal, o “bruxo” da música universal, aos 89 anos
- Marcello Almeida

- 13 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de set.
Quando até o silêncio vira ritmo, a morte não cala — apenas muda de tom

O multi-instrumentista Hermeto Pascoal morreu neste sábado (13), aos 89 anos, no Hospital Samaritano Barra, no Rio de Janeiro, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. A informação foi confirmada pela família em publicação nas redes sociais:
“Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música. No exato momento da passagem, seu grupo estava no palco, como ele gostaria: fazendo som e música.”
Chamado por Miles Davis de “o músico mais impressionante do mundo”, Hermeto transformou o ato de viver em música. Usava panelas, chaleiras, brinquedos, água, animais e qualquer objeto à mão para criar melodias, sempre rompendo fronteiras de estilo. Sua própria definição para a obra era simples e ilimitada: “música universal”.
Nascido em Lagoa da Canoa (AL), em 1936, Hermeto começou cedo no acordeom e construiu uma trajetória que o levou de rádios nordestinas às boates de São Paulo, até chegar aos Estados Unidos nos anos 1970, levado por Airto Moreira e Flora Purim. Tornou-se amigo de Miles Davis, gravou com grandes nomes do jazz, mas nunca se prendeu a rótulos.
Ao longo da carreira, lançou discos fundamentais, integrou o Quarteto Novo, foi perseguido pela censura da ditadura e encantou plateias em todo o mundo. Recebeu o título de doutor honoris causa pela prestigiada Juilliard School, em Nova York, e por universidades brasileiras, além de conquistar três prêmios Grammy Latino.
Sua última obra de inéditas, Pra Você, Ilza (2024), foi dedicada à esposa falecida em 2000 e celebrada pela crítica. No mesmo ano, ganhou a biografia Quebra tudo! – A arte livre de Hermeto Pascoal, escrita por Vitor Nuzzi.

Hermeto deixa seis filhos, 13 netos e dez bisnetos. Para ele, a idade era apenas um detalhe:
“Quando subo no palco, não tenho idade. O corpo pode ser de 88, mas a alma vira menino de novo. A música é a vida.”
Hermeto Pascoal não partiu: apenas virou som, ecoando para sempre no vento, na água e no silêncio que ele transformou em música.















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