Críticas sociopolíticas, esperança e amor fazem do filme de Gabriel Martins, uma obra imperdível
Estamos em 2022, mas, para o cinema, o ano de 2023 está muito próximo. Prova disso é que já começou a se formar listas preventivas de filmes que poderão estar no Oscar em 2023. E nessas pré-seleções, foi escolhido a obra que irá representar o Brasil em 2023, o sonhador e esperançoso Marte Um. A pré-lista do Oscar só sairá no dia 21 de dezembro, mas, independente disso, Marte Um é um filme brasileiro maravilhoso que precisa um pouco da sua preciosa atenção para essa história comovente de grandes reflexões sociais e políticas. Não teria momento mais oportuno para isso.
Produzido pela produtora Filmes de Plástico, o filme nos apresenta a história da Família Martins, de origem negra, morando na periferia de Contagem, cidade de Minas Gerais, que fica na Região Metropolitana do município de Belo Horizonte. Nessa dura realidade, cada membro da família vive suas tensões sociais, políticas e urbanas diante de suas condições. Tércia (Rejane Faria) acredita ser amaldiçoada, Wellington (Carlos Francisco) marido de Tércia, acredita em uma vida melhor fazendo o filho querer ser jogador de futebol, Deivinho (Cícero Lucas) filho de Tércia e Wellington, que estuda astrofísica de forma secreta enquanto tenta agradar o pai sendo jogador de futebol e Eunice (Camila Damião) a outra filha da família fica na dúvida no que fazer após se apaixonar por uma jovem.
O longa-metragem analisa de maneira sensível às relações humanas de uma forma reflexiva mostrando o resgaste primoroso de sonhos e esperanças emanados nos personagens, a história profunda do longa-metragem resvala em uma versão cinematográfica atualizada do espetacular livro "Vidas Secas" de Graciliano Ramos. A diferença do livro para a obra de Gabriel Martins está em várias nuances bem pontuais: o cenário onde se passa a história é uma favela, existe a análise de temas raciais, a presença de questionamentos que levam ao autoconhecimento e o principal, mostra de forma bem impactante a discussão do neofascismo político como uma crítica alavancando suas gravidades e perigos ainda maiores para as pessoas que vivem na pobreza. A família Martis se torna reflexo vivo de milhões de famílias que encaram a dura batalha da vida diariamente e lutam constantemente contra essa árdua e dolorosa realidade chamada vida.
Mas ainda assim, temos espaços para levezas ao deparar com a forma carinhosa que Deivinho demostra seu amor pela astrofísica gostaria de e a forte luta da família contra o conservadorismo sem se deixar abater por ele.
Marte Um tem aproximadamente duas horas de duração que resumem bem o efetivo deleite dessa essa obra: maravilhosa, cativante e universal. É maravilhosa por causa da atuação esplêndida do seu elenco, é cativante porque a ótima direção de Gabriel Martins (que também escreveu o roteiro) faz se entreter por sua extraordinária história ao mostrar suas mazelas emocionais com uma narrativa poética e mundial fazendo o espectador simpatizar e se emocionar com sua história bonita e profunda sobre os problemas do fascismo e a realidade de pessoas que se encontram na pobreza do mundo.
Portanto, a obra de Martins também abre leques para elencar a importância de sonhar e de lutar pelos sonhos, aqueles que nos movem e nos inspiram em cada canto do planeta. Marte Um é sobre abraçar as pessoas que enchem nossas vidas de amor, de coragem e resistência. Elo fundamental para encarar os desafios da rotina sem deixar se influenciar pelas coisas negativas. É preciso carregar o poder de sonhar sempre com aquele sorriso no rosto, leveza na alma e bravura para vencer os obstáculos.
Marte Um
Marte Um
Lançamento: 2022
Gênero: Drama
País: Brasil
Elenco: Cícero Lucas, Carlos Francisco, Rejane Faria, Camilla Damião
Roteiro: Gabriel Martins
Direção: Gabriel Martins
