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Faça Ela Voltar é um terror com alta carga dramática trazendo temas como perda, luto e relacionamento familiar

Danny e Michael Philippou: de youtubers a novas promessas do cinema, eles foram responsáveis pelo sucesso de Fale Comigo

Fillme - Faça Ela Voltar
Créditos: Sony Pictures Entertainment

Para se criar medo, aquela narrativa tensa e um filme que nos faça vivenciar a situação dos personagens, muitas vezes o cinema trabalha com temáticas próximas de nós, cinéfilos da frágil vida real. O medo de perder um ente querido, a dificuldade em lidar com o luto, relacionamentos familiares fragmentados, situações que já enfrentamos nesta vida.

 


Quem sabe muito bem trabalhar com essas questões na atualidade são os irmãos australianos Danny e Michael Philippou. De Youtubers a novas promessas do cinema, eles foram responsáveis pelo sucesso de Fale Comigo (Talk To Me, 2022). Neste filme, eles já exploram muito bem as temáticas citadas anteriormente, inclusive num terror que, mesmo pegando uma ideia antiga, a possessão, é capaz de transmitir um frescor para o gênero na atualidade e ainda passar várias mensagens.

 

A repetição, longe da exaustão e da monotonia, volta a acontecer em Faça Ela Voltar (Bring Her Back, 2025). Andy (Billy Barratt) e Pipe (Sora Wong) são dois meios-irmãos que, após perderem o pai, passam a conviver com Laura, uma nova mãe adotiva. Entretanto, a reunião entre eles não será nada fácil, sobretudo quando algumas intenções estão em jogo.

 

Interessante como Danny e Michael começam a usar elementos que prendem o espectador desde os primeiros minutos da trama. Importante para oferecer a devida carga dramática que se agrega ao terror: a morte trágica do pai, a deficiência visual de Pipe que a faz se isolar de outras meninas, a casa isolada que servirá como nova moradia e o estranho e recluso comportamento de Oliver (Jonah Wren Phillips), o outro filho de Laura.

 


Outros elementos também surgem: o animal empalhado, compartimento da casa que fica trancado, o espírito da pessoa morta que aparece. E mesmo que vejamos isso em outros filmes, como eles se encaixam em Faça Ela Voltar colaboram de forma criativa e apropriada para a atmosfera tensa que o filme prepara gradualmente.

 

O terror já passa seu recado desde o início com filmagens desconfortáveis de um ritual sinistro e amedrontador. Claro que com isso, o espectador recebe logo uma pista da intenção dos diretores. Entretanto, ao longo da trama, mais detalhes e revelações chegarão, sobretudo em relação às características do ritual e como ele será abordado dentro da narrativa.

 

Créditos: Sony Pictures Entertainment / Ingvar Kenne
Créditos: Sony Pictures Entertainment / Ingvar Kenne

Dessa forma, temos mais um filme onde é preciso montar as peças para a sensação de terror ser ainda mais completa. O quê realmente é o ritual? Quando e como ele acontecerá? São perguntas que nos incomodam desde cedo e que são entregues de forma coerente até o desfecho.

 

Outro ponto crucial do filme são os personagens bem construídos. Os diálogos e os conflitos entre eles estão longe de serem enfadonhos e colaboram para a intensidade da trama como um todo. Fácil o espectador sentir carisma pelo elenco que foge um pouco dos estereótipos que o gênero calcificou em muitas produções.

 

A relação que mistura cumplicidade, união e até mesmo desconfiança entre Pipe e Andy conquista em cada cena que os dois estão juntos. Laura é a personagem enigmática que será desvendada ao longo do filme e Oliver convence com uma atuação que se agiganta conforme a trama avança. É dele que virão algumas cenas fortes e pesadas, muitas das quais nem estávamos preparados.

 

Para os irmãos Phillipou, até a água pode ser um recurso importante para adicionar carga dramática e tensão. O chuveiro ligado ativando o trauma do personagem, a piscina da casa (responsável por flashbacks e pela antológica e amarga cena de fechamento), a chuva caindo insistentemente cadenciam uma estrutura gradual do terror que os personagens estão próximos a vivenciar e do ritual tomando forma.

 

Trazendo gore e sangue nos momentos apropriados, sem apelações e cenas banais, aqui o espectador ficará mais comovido pelo semblante e estado psicológico do personagem que chega numa situação extrema para obter seu objetivo do que pelos próprios ferimentos que sangram pelo seu corpo. Mesmo assim, a transformação corporal que ocorre em certos personagens ficou marcante (tal qual fosse vista num filme de Body Horror).

 

Mais experientes e seguros, adequando bem o gênero terror nos tempos atuais onde criaturas imortais e imaginárias dão lugar a seres humanos de carne e osso tentando superar seus tramas e lutos, os irmãos Philippou garantem um dos filmes mais interessantes de 2025.

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Trailer:


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