Barbarella (1968): ficção científica, erotismo e culto pop em uma viagem psicodélica e atemporal
- alexandre.tiago209
- há 12 horas
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Entre o kitsch delirante e o genial provocativo, essa aventura interplanetária continua sendo um deleite visual e um grito de liberdade que ecoa até hoje

Lançado em 1968, o filme Barbarella, uma coprodução franco-italiana dirigida por Roger Vadim, é uma verdadeira joia da ficção científica pop com forte apelo visual e sexual, inspirado diretamente nos quadrinhos homônimos do francês Jean-Claude Forest. Muito mais do que um delírio estético típico dos anos 60, a obra conquistou, com o tempo, o status de cult cool e hoje é celebrada por cinéfilos e amantes do cinema trash com igual entusiasmo.
Jane Fonda, no auge da juventude, brilha intensamente no papel-título, consolidando-se como uma atriz de grande talento que foi bem aproveitado futuramente em diversas produções e gêneros cinematográficos. Sua performance nessa película combina inocência, coragem e sensualidade de forma única — uma atuação que não só marcou sua carreira, como entrou para a história do cinema.
Ela interpreta Barbarella, uma viajante intergaláctica que embarca em uma missão para salvar o universo, mas que, ao longo do caminho, se depara com personagens bizarros, situações psicodélicas e intensas cenas carregadas de erotismo visual — algo bastante comum nas produções europeias da época, especialmente em adaptações de quadrinhos.

Vale lembrar que Barbarella foi uma das primeiras personagens femininas dos quadrinhos a ganharem uma adaptação cinematográfica, o que já a coloca como um marco dentro do gênero. A influência visual dos quadrinhos de Forest é clara: cada cenário é carregado de simbolismos, exageros e sensualidade, refletindo o espírito livre e contestador de uma geração em transformação.
A trilha sonora assinada por Bob Crewe e pela Generation Orchestra é outro destaque inquestionável: um mix de jazz psicodélico, pop e groove que amplifica a atmosfera do filme, tornando a experiência ainda mais envolvente e marcante.
Além de Jane Fonda, o elenco também entrega ótimas atuações: Milo O'Shea como o vilão Duran Duran é carismático e exagerado na medida certa — um antagonista que deu origem, inclusive, ao nome da icônica banda dos anos 80, Duran Duran. Anita Pallenberg, com sua presença magnética, John Phillip Law com uma grande atuação e David Hemmings, com sua performance elegante e irônica, também contribuem para o charme e a energia única da narrativa.
Sob a direção ousada de Roger Vadim, Barbarella não é apenas um espetáculo visual ou um ícone erótico da contracultura: o filme também oferece reflexões anti-guerra em meio à estética kitsch e ao erotismo. Em um universo onde a paz foi conquistada, Barbarella representa a luta pelo prazer, pela liberdade e pela recusa da violência como solução.
Embora tenha sido subestimado por parte da crítica em seu lançamento, o reconhecimento veio com o tempo. Hoje, a obra é considerada um clássico cult amado não só pela comunidade trash, mas por todo tipo de cinéfilo que reconhece sua importância estética, simbólica e cultural.
Se você gosta de ficção científica, quadrinhos, cultura pop, trilhas sonoras envolventes e filmes com estética marcante, vale muito a pena assistir Barbarella — mas com a mente aberta. Entre o kitsch delirante e o genial provocativo, essa aventura interplanetária continua sendo um deleite visual e um grito de liberdade que ecoa até hoje.

Barbarella
Ano: 1968
País: França, Itália
Duração: 98 minutos
Direção: Roger Vadim
Gênero: Ficção Científica, Comédia
Roteiro: Jean-Claude Forest, Terry Southern, Roger Vadim, Claude Brulé, Vittorio Bonicelli
Elenco: Jane Fonda, John Phillip Law, Anita Pallenberg, Milo O' Shea, David Hemmings