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Asteroid City é sobre as histórias e paixões que Wes Anderson cresceu nutrindo e sempre quis contar

É aquele filme que pode ser chamado de clássico do cineasta; isso vai depender do seu sentimento perante a obra e o quanto você conhece dos outros filmes.

Imagem Reprodução.


Antes de falar do excêntrico e esquisito 'Asteroid City', novo longa do renomado cineasta americano Wes Anderson, é preciso conhecer a filmografia e o jeito único, extravagante e singular de filmar e contar suas histórias, que sempre são elencadas e embasadas por um aspecto visual requintado e belo, explorando ao máximo as tonalidades das cores. Em 'Asteroid City', é possível reconhecer todas as particularidades do diretor, incluindo aspectos e detalhes de outros filmes de seu currículo como o ótimo 'O Grande Hotel Budapeste' de 2014 e 'Ilha de Cachorros' de 2018.


No entanto, entre todas essas particularidades e elementos, acaba faltando uma certa conexão no modo como Wes conta essa história sobre suas paixões. Parecem conter uma lembrança de infância do diretor embutida nas camadas e na narrativa de 'Asteroid City'. A produção transita entre uma peça de teatro, programa de TV e, em outras horas, se apresenta como um filme. Essas transições acabam deixando o longa cansativo e maçante. Logo no início, ficamos sabendo através da narrativa de Bryan Cranston que tudo o que iremos ver ali faz parte de uma peça teatral. Como a trama se passa nos anos 50, essa introdução caracteriza muito bem o cenário televisivo da época.




É até difícil construir uma sinopse para o filme, mas em seu novo experimento cinematográfico, Wes reúne um time estelar de atores como Scarlett Johansson, Tom Hanks, Jason Schwartzman, Tilda Swinton e outros mais. Eles estão reunidos em uma cidade fictícia no deserto dos Estados Unidos para uma convenção organizada a fim de reunir pais e alunos superdotados para uma competição acadêmica que acaba sendo moldada por eventos distintos que mudam o mundo.


Na verdade, o que estamos presenciando é uma representação que se desenrola como uma peça teatral dentro de outra peça. Essa construção artística foi concebida por Conrad Earp (interpretado por Edward Norton), um dramaturgo baseado em Nova Iorque. Em intervalos, somos levados a momentos em preto e branco que nos levam à jornada de criação e produção da peça, explorando a perspectiva de Conrad.



'Asteroid City' pode ser definido em três atos: o teatro, o programa de TV e o filme. Wes teve o cuidado de caracterizar as transições, alternando o tom de cores entre elas para melhor imprimir a fotografia da época. As cenas na cidade fictícia trazem muito do efeito nostálgico, seja pelas cores vibrantes e fortes, pelo cenário muito bem produzido e o figurino impecável que reproduz primorosamente os anos 50. Isso é inquestionável na filmografia do diretor. É aquele filme que pode ser chamado de clássico do cineasta; isso vai depender do seu sentimento perante a obra e o quanto você conhece dos outros filmes. Apesar do clima arrastado que se desenvolve no decorrer da trama, o longa possui elementos que irão instigar o telespectador a continuar ali, esperando pelo desfecho dessa história maluca, divertida e excêntrica. Algo que somente a mente inquieta de Wes poderia criar.


E há um interlúdio bizarro envolvendo um alienígena visitante que não deveria funcionar, mas funciona porque sua homenagem a Contatos Imediatos do Terceiro Grau é realizada com tanta franqueza impassível.

Isso torna 'Asteroid City' único e com uma identidade própria. Logo de imediato, você sabe que está diante de um longa-metragem de Anderson. O que vemos nessa história pode muito bem ser o jeito do diretor de lidar com todo o caos, incertezas e inseguranças que rodeiam as pessoas pelo mundo. Existe uma solidão pessoal fundada em cada personagem dessa trama. Talvez isso explique o fato de não termos um ator ou atriz principal nessa história. É incrível como Anderson consegue angariar tantos nomes emblemáticos para simplesmente não fazerem praticamente nada em seu filme. A sensação que fica é que são todos coadjuvantes atuando nessa história sobre as paixões de Wes. E claro, ele teria seu jeito icônico e improvável de contá-la na tela.



Os destaques ficam para Scarlett no papel de Midge e Jason Schwartzman que representam o lado mais humano desse emaranhado cenário de personagens. Tom Hanks dispensa comentários, ele tá hilário e formidável. até mesmo Seu Jorge aparece no filme. Parceiro de outras temporadas do diretor, Seu Jorge apareceu no filme 'A Vida Aquática de Steve Zissou' de 2004.



A nova empreitada do cineasta pode e vai dividir opiniões de críticos, públicos e fãs mais devotos da filmografia do diretor. 'Asteroid City' pode não estar no mesmo nível de 'Os Excêntricos Tenenbaums' (2001) ou 'Rushmore' (1998), mas ainda assim é uma abordagem satírica, divertida e visualmente bela de elencar tópicos delicados como nostalgia, perda e melancolia, tudo entregue e abordado com a linguagem pessoal e astuta de Wes Anderson.

 

Asteroid City

Asteroid City


Ano: 2023

País: EUA

Direção: Wes Anderson

Roteiro: Roman Coppola, Wes Anderson

Elenco: Scarlett Johanson, Tom Hanks, Jason Schwartzman, Tilda Swinton e outros

Duração: 105 min


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,0

 

Trailer:





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