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Aquilo Que Você Deseja: quando a riqueza e o talento chegam por meio de um prato indigesto

O problema do filme é que ele se sustenta bem em muitos aspectos, em outros nem tanto

Pôster do filme, Aquilo Que Você Deseja
Imagem: Reprodução/MUBI

Ryan (Nick Stahl) é um chef de cozinha que não obteve muito sucesso em sua profissão. Ele vive apostando em jogos e frequentemente precisa saldar dívidas com apostadores. Sua vida irá mudar quando ele resolver viajar e visitar Jack (Brian Groh), um amigo dos tempos da escola de culinária.

 


Jack, por sua vez, vive numa casa luxuosa e ganha um bom dinheiro. Sua única missão é preparar jantares para um grupo de ricos que pagam bem por seus pratos. Entretanto, com toda mordomia e regalias, Jack não tem uma vida tão feliz. Até que um evento trágico mudará o destino de Ryan.

 

Ryan também vai descobrir que esse jantar dos ricos leva um ingrediente bem exótico e nada peculiar e agora ele fará parte da equipe. Um caminho sem volta onde ele será vigiado a cada passo que der. Caso pretenda continuar vivo, obediência é tudo e ele deve seguir às riscas as ordens que lhe são dadas..

 

Aquilo Que Você Deseja (What You Wish For, 2023) é um filme escrito e dirigido por Nicholas Tomnay (O Anfitrião Perfeito, 2010). Envolvendo a arte da culinária e situado nos gêneros do Thriller Psicológico e do Humor Negro, fácil pensar em alguma semelhança com O Menu (The Menu, 2022). Tenso e nervoso da mesma forma e que faz o espectador imaginar que uma noite regada por banquetes pode não sair como era esperado.

 

O problema do filme é que ele se sustenta bem em muitos aspectos, em outros nem tanto. Por exemplo, é muito difícil o espectador não sentir carisma por Ryan e também não ficar ansioso pelo caminho que vai transformando a vida do protagonista. Um homem que sofre constantes ameaças de agiotas e que depois vê sua vida mudar ao ter a oportunidade de ganhar muito dinheiro com o novo serviço.

 


Apesar de viver entre apostas e dívidas, ele é um homem que se sentirá perturbado quando sua humanidade e seu psicológico começarem a ser testados pela experiência aterradora da qual fará parte. Entretanto, outros personagens, por sua vez, nem engrenam na trama. Nem mesmo eles conferem um clímax extra para o filme. Caso de Alice (Penelope Mitchell).

 

Créditos: MUBI
Créditos: MUBI

O detetive Ruiz (Randy Vasquez) é um personagem chato e monótono com sua série de perguntas e diálogos que não avançam na trama. Parte desse filme me trouxe lembranças de Festim Diabólico (1948) por algumas ideias semelhantes, entretanto o detetive está longe de ser tão convincente e bem estruturado como foi o Professor Rupert Cadell (James Stewart).

 

Outro problema é que algumas cenas de ação começam bem e terminam de forma morna, sem complicações para os personagens. Numa certa parte, Ryan e Maurice (Juan Carlos Messier) saem de carro atrás de um dos ‘ingredientes’ para os pratos. Poderia ser um dos momentos mais marcantes do filme, entretanto isso não acontece.

 

Então, temos um início de filme até sua metade muito interessante com Ryan numa escalada que acaba reluzindo o seu talento e sua extrema habilidade profissional, porém a trama fica um tanto arrastada após a chegada dos ricos para um banquete do qual esperávamos mais algumas surpresas e reviravoltas.

 

Mas as críticas estão bem enraizadas, convenhamos. Ryan trabalha para uma corporação que, apesar de pequena, manipula as regras para o prazer e as vontades de uma minoria rica, não importa o dinheiro e as vidas que vão custar.


Como a própria Imogene (Tamsin Topolski) diz em sua desculpa esfarrapada: ‘ainda poupamos mais vidas que as próprias petrolíferas. Nem fazemos tanta diferença com tanta coisa ruim no mundo acontecendo’. E mais uma vez a ficção assusta, mesmo quando não é totalmente perfeita aos olhos do espectador.

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