“Appetite for Destruction”, o disco que fez o hard rock sangrar de novo, completa 38 anos
- Marcello Almeida

- 21 de jul.
- 2 min de leitura
Um álbum onde tudo podia dar errado — e por isso mesmo deu tão certo

Em julho de 1987, uma banda desconhecida de Los Angeles chegou como quem não pedia licença — e fez história. O Guns N’ Roses lançou seu primeiro álbum com a fúria de quem não tinha nada a perder e a certeza de que o rock precisava voltar a ser perigoso. Trinta e oito anos depois, Appetite for Destruction ainda soa como um ataque frontal à previsibilidade que dominava a cena musical da época.
A estreia do Guns foi tudo o que os estúdios da época temiam: barulhenta, desajustada, cheia de vícios e farpas. Mas foi justamente por isso que ela explodiu. Com músicas como “Welcome to the Jungle”, “Sweet Child O’ Mine” e “Paradise City”, o disco misturava riffs sujos, refrões colossais e letras que mais pareciam gritos de socorro ou de revolta. E vendeu. Mais de 30 milhões de cópias, mundo afora. Mas não era só sobre vendas — era sobre devolver ao rock a sua alma: intensa, desfigurada, viva.
O que o Guns fez foi devolver o caos à música. Em meio a um cenário embalado por hair metal pasteurizado, a banda apareceu com dentes à mostra. Os vocais rasgados de Axl Rose, a guitarra alucinada de Slash, o peso de Duff, Izzy e Steven Adler — tudo parecia prestes a desmoronar a qualquer instante. E era essa tensão, esse desequilíbrio constante, que fazia o som deles vibrar tão forte.
Nem mesmo a capa escapou da controvérsia. A arte original do disco, assinada por Robert Williams, mostrava uma cena violenta e surreal, que logo foi censurada por grandes redes de lojas. No lugar, entrou a cruz com as caveiras dos integrantes — imagem que se tornaria uma das mais emblemáticas da história do rock. A banda explicaria depois que a arte rejeitada era uma crítica ao sistema industrial que violentava o meio ambiente. Mas, como tudo no Guns, a provocação vinha sem filtro — e sem pedir desculpas.
Hoje, quase quatro décadas depois, Appetite for Destruction continua sendo uma das estreias mais arrebatadoras da história. Um disco que não pediu passagem: atropelou tudo. Mostrou que o rock ainda podia soar sujo, humano e fora de controle. Um álbum onde tudo podia dar errado — e por isso mesmo deu tão certo.
















Comentários