Uma noite inesquecível com Lionel Richie no The Town
- Marcello Almeida

- 14 de set.
- 2 min de leitura
O passado não foi embora. Ele ainda dança com a gente

Não era nostalgia, era realidade pulsante. No palco The One, na noite fria de sábado (13), o The Town se rendeu a Lionel Richie, 76 anos, um dos últimos grandes senhores do pop. Aquele que, nos anos 1970 e 80, ajudou a definir o que hoje chamamos de era dourada das rádios FM. Ali, diante de uma multidão paulistana, Richie mostrou que o tempo pode até suavizar a voz, mas jamais apaga o carisma e a força de um repertório imortal.
Logo no início, o impacto: “Hello”. O público suspirou. Lionel mandou beijos, abriu sorrisos, jogou energia. Em seguida, acelerou o compasso com a vibrante “Running with the night”, mostrando que ainda sabe se divertir no palco.
A noite ganhou tonalidade romântica no piano com “Easy”, emendada com “My Love”. Casais se abraçaram em “Penny Lover”, transformando o festival em uma pista de dança improvisada. O coro coletivo em “Stuck on You” revelou a devoção dos fãs. E quando soou “Sail On”, a vibe era de pura leveza — um antídoto contra o frio da noite.
Vestindo uma jaqueta que parecia saída direto dos anos 70, Richie passeou pelo seu yacht rock com “You Are” e revisitou os tempos de Commodores com a funkeada “Brick House” e a dançante “Lady (You Bring Me Up)”, fazendo o gramado balançar como um salão antigo.
Vieram então as baladas de peso. “Truly”, acompanhada por projeções cósmicas de karaokê; “Endless Love”, com a plateia assumindo o papel de Diana Ross em um dueto emocionante. Mas não havia tempo a perder: Richie acelerou de novo com a explosiva “Dancing on the Ceiling”, hino do pop oitentista.
O público cantou cada verso de “Say You, Say Me” como se fosse reza. E então o ponto alto: “We Are the World”, que transformou São Paulo no maior coral do planeta. Para fechar, não poderia ser outra: “All Night Long”. A canção definitiva de um sábado à noite.
Lionel Richie mostrou-se mais do que um cantor de hits: um artista consciente da própria lenda, capaz de rir, brincar e se emocionar junto com a plateia. Um coringa da programação, um mestre de cerimônias da memória afetiva coletiva. Poucos ainda podem entregar um espetáculo tão devastador e universal.
E talvez seja isso que faça dele um dos últimos de sua linhagem: artistas que não apenas cantam, mas transformam o tempo em eternidade.















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