Twin Peaks mudou para sempre o jeito de ver séries

Existe um “antes de Twin Peaks” e um “depois de Twin Peaks” no meu modo de ver séries e cinema

Divulgação/ABC

Twin Peaks é uma experiência inesquecível. Desde o primeiro episódio, Laura Palmer assombra a narrativa: mesmo aparecendo pouquíssimas vezes, a sua presença é tão intensa que parece que perdi alguém muito próximo.

Dale Cooper é um protagonista surpreendente. Fugindo completamente do estereótipo do agente do FBI durão e impenetrável, ele é o oposto disso: um homem aberto ao inexplicável, respeitoso, sentimental e profundamente empático. Ao lado dele, Harry, Hawk, Andy e Lucy formam uma equipe maravilhosa na polícia local. O mais encantador é que nenhum personagem da série é deixado de lado. Todos têm seus momentos de relevância, o que nos faz criar laços, sejam de afeto ou de repulsa.

Falando em repulsa, Bob é, sem dúvida, o personagem mais assustador que já vi. Ele é a personificação da maldade humana, e nada é mais aterrorizante do que isso. Quando descobri quem matou Laura, fiquei completamente atordoada. Chorei muito. Aquele episódio será para sempre um dos mais perturbadores que já vi.

Menção honrosa para Audrey: que mulher maravilhosa! Determinada e autêntica. Amei cada momento dela na série. E, claro, a Mulher do Tronco, talvez a personagem que mais exala a essência de David Lynch.

A fotografia de Twin Peaks é outro espetáculo à parte. Ela transmite um ar aconchegante, quase familiar, e adoro como a narrativa deixa as coisas acontecerem naturalmente, sem cortes secos, como se estivéssemos realmente vivendo o cotidiano daquela cidade. E a trilha sonora, então, nem se fala, músicas lindas, marcantes e emocionantes.

Agora que terminei a segunda temporada, já sinto aquele vazio de “o que vou fazer da minha vida quando isso acabar?”. Twin Peaks é, sem dúvida, uma das séries da minha vida. Tudo o que ela proporciona é inesquecível. Para sempre. Existe um “antes de Twin Peaks” e um “depois de Twin Peaks” no meu modo de ver séries e cinema.