Marcello Almeida
- 23 de abr. de 2022
- 2 min para ler

'The Invitation' apresenta uma trama insana e instigante do início ao fim

'The Invitation' ou se preferir 'O Convite', é um filme norte-americano de terror/suspense dirigido pelo cineasta Karyn Kusama, uma obra de 2015 que traduz muito dos tempos nebulosos e sinistros da nossa atualidade.

Ambientado por uma atmosfera sombria e perversa, com aquela caracterização lunática que ultrapassa os limites do fanatismo (algo bem persistente em nossos dias, não?), o filme já chama atenção logo de início, fotografia, diálogos e um certo ar gélido abastecido por uma cena impactante e violenta. Veja isso como um aperitivo de entrada, a trama pode ser bem mais sádica e perversa do que você imagina.

A premissa banhada por mistérios inquietantes segue Will (Logan Marshall-Green) e sua namorada, Kira (Emayatzy Corinealdi), indo para um jantar na casa de sua ex-esposa, Eden (Tammy Blanchard), uma espécie de reunião entre velhos amigos que há muito tempo não se encontram. Mas não vai demorar muito para Will começar a notar algumas coisas fora do normal, situações duvidosas, comportamentos esquisitos e conversas fanáticas.

Kusama, trabalha muito bem a introdução do elemento terror/suspense o colocando em situações simples como um bate-papo em uma roda de amigos... sabe, aquela sensação de desconfiança e insegurança que se instaurou nesses tempos pandêmicos, então, o incômodo que 'O Convite' proporciona é idêntico!

O thriller usa muito bem sua premissa e roteiro para entregar momentos ricos em pura tensão construída lentamente de forma eficaz, surpreendente e inteligente.

As atuações são muito boas, Logan se destaca ao lado de sua ex-mulher Tammy quando o quesito é delírio ou realidade, fanatismo ou ilusão. Impressionante como o diretor soube usar da criatividade artística para promover seu filme com baixo recurso financeiro. Você simplesmente vai se sentir em uma trama maníaca, onde sempre terá que adivinhar o que vem pela frente até o final.

The Invitation brinca de maneira deliciosa ou alienada com as relações sociais modernas e suas novas feridas, velhas feridas e ressentimentos... ou seriam pessoas tentando lidar com suas experiências traumáticas, apresentando maneiras diferentes de abordar o processo de cura ou a falha de uma sociedade individualista em acolher aqueles que sofrem? Tudo isso é exposto em uma narrativa perturbadora, repleta de medo e aflição. Uma verdadeira façanha do cinema de gênero.

Um dos melhores filmes de terror psicológico, com uma narrativa repleta de reviravoltas que apresentam uma história ambiciosa e inteligente sobre seitas e fanatismo religioso com um background insano.