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Foto do escritorMarcello Almeida

Taylor Swift reflete sobre a vida em noites de insônia com canções pop no sofisticado 'Midnights'

Atualizado: 25 de out. de 2022

Um disco confessional carregado por uma segurança e confiança de composições sutis e cintilantes com vocais felinos e um certo ar lírico no ar

Fotografia: Beth Garrabrant

Olhar para carreira pop brilhante de Taylor Swift, que foi do country ao pop mainstream, logo surge na mente artistas que seguiram caminhos semelhantes como Dolly Parton e Wilie Nelson, que se tornaram grandes ícones da cultura pop com seus trabalhos dos anos 70- Taylor abandonou sua fase country assim como um cameleão troca de pele, uma mudança necessária para revelar que ela podia ir além, uma compositora populista e perspicaz, com muito a dizer.

 


 

Álbuns como Red (2012), 1989 (214) e Reputation (2017), deixaram evidente essa mudança de sonoridade, colocando Swift de uma vez por toda nos holofotes da música pop. Na sequência vieram os irmãos ‘Folklore’ e ‘Evemore’, ambos de 2020. Trabalhos que marcaram uma parceria prolifera com Bon Iver e Aaron Dessner do The National.


Agora, em 2022, chega o intimista e melódico ‘Midnights’, décimo álbum de estúdio na discografia da cantora e compositora, que parece ter mergulhado em seus pensamentos mais sombrios e alegres, aqueles que geralmente surgem durante longas noites de insônia, a própria Taylor chegou a afirmar isso em entrevistas dizendo que o álbum se resumia em: “As histórias de 13 noites sem dormir espalhadas pela minha vida”. De fato, o resultado dessa experiência encontrou uma cantora livre e a vontade para narrar histórias pessoais, sem precisar usar personagens de uma ficção para narrar seus anseios, dramas, romances e incertezas que podem chegar com a brisa de noites insólitas.

 


 

A linda e nostálgica “Marron” ganha notas soberbas e singelas, onde a voz de Swift é ancorada por elementos eletrônicos. Um Synth-Pop repleto de camadas densas que faz o uso assertivo de sintetizadores. ‘Midnights’ parece encontrar os sonhadores “busques folclóricos” que seus dois últimos trabalhos começaram a desbravar.


Um disco confessional carregado por uma segurança e confiança de composições sutis e cintilantes com vocais felinos e um certo ar lírico no ar

Para o novo trabalho ela mergulha em um pop eletrônico, com batidas e efeitos inspirados em house e trap que causam um efeito distinto e distorcido em sua bucólica voz. “Anti-Hero” chega coberta por camadas atmosféricas, um som enevoado, de bom gosto e gostoso de ouvir. O clima segue introspectivo e noturno com a linda e encantadora “Snow On The Beach” que traz a angelical colaboração de Lana Del Rey. Uma das grandes surpresas de ‘Midnights’.


Se em trabalhos anteriores ainda residia aquele sentimento competitivo, em seu décimo disco, Taylor parece ter se libertado da pressão competitiva. Agora, sim, ela entende que não precisa mais disso. Porém, alguns fãs podem ficar intrigados com os caminhos que ela pode assumir adiante. Entretanto, a cantora de 32 anos, parece saber muito bem onde ela quer chegar e centrar sua obra. Como se ela estivesse mais interessada em focar na atmosfera do que seguir velhas tendências. Com isso, ‘Midnights’ acaba se tornando uma busca reflexiva e menos focado em reinvenção.


A densa e climática “Vigilante Shit” lembra muito Billie Eilish e Lord. Embora sua tentativa de passar a imagem de ousadia não alce voos gigantescos, “Labyrinth” afunda em uma sonoridade agridoce e tristonha. Uma canção que pode dilacerar seu coração às 3 da madrugada. A radiante “You’re On Your Own, Kid” pode ser a canção que mais se aproxima dos últimos dois discos de Swift. Uma faixa levada por um amor não correspondido, tema recorrente na discografia da artista. O grande mérito desse novo trabalho é justamente não focar apenas em corações partidos e abrir um leque para novos sentimentos, emoções e experiências de vida. Taylor está crescendo, amadurecendo e sua música automaticamente vai crescer junto com ela.

 


 

Ela sabe muito bem que cada passo em falso é uma lição aprendida, escolhas possuem consequências, mas, com ‘Midnights’ as consequências são positivas. Taylor quebra paradigmas e estereótipos da música pop, o que ela vai fazer a seguir ainda é uma caixinha misteriosa, mas a sintonia na qual ela se encontra agora é formidável. Se você gosta de canções bucólicas, melódicas e pop doce, o novo disco de Swift é um delicioso banquete para colocar bons fones de ouvido durante uma noite de insônia e apertar o play.

 

Midnights

Taylor Swift


Lançamento: 21 de outubro de 2022

Gênero: Pop, Synth-Pop, Pop Eletrônico

Ouça: "Marron", "Anti-Hero", "Snow On The Beach"

Humor: Nostálgico, Noturno, Melódico


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

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