System of a Down no Allianz: a tempestade, o fogo e a fúria de uma geração que nunca se curou
- Marcello Almeida
- há 18 horas
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10 anos depois, o System of a Down transforma São Paulo em um grito coletivo de resistência, caos e catarse

Um show que não pediu licença — apenas entrou, rasgou a pele e deixou a alma em carne viva.
Dez anos. Uma década de espera. E quando o System of a Down finalmente pisou de novo em solo paulistano, na noite chuvosa deste sábado (10), a sensação foi de que o tempo congelou. O mundo lá fora podia até estar desabando — mas ali dentro, no Allianz Parque, tudo que existia era o grito. Um grito velho conhecido, de revolta, pertencimento, desespero e esperança, tudo ao mesmo tempo. Um grito que só o SOAD sabe traduzir em música.
A chuva tentou. Os seguranças tentaram. Mas nem as faíscas dos sinalizadores abafados nem os protocolos frios conseguiram frear o que estava nascendo ali. A pista premium parecia anestesiada em certos momentos — talvez pelo conforto, talvez pela distância. Já a pista comum pulsava como um organismo vivo, elétrico. A diferença era visível. Mas não importava. Porque quando Soldier Side começou, os celulares erguidos desenharam a bandeira da Armênia no meio da escuridão. E por um instante, tudo se alinhou.

Depois veio a pancada dupla — Toxicity e Sugar — como se o palco tivesse rompido a própria gravidade. Gritos, lágrimas, pogo, caos. Um caos bom. Um caos necessário.
No palco, o quarteto estava em forma. Serj Tankian, mais contido, concentrado, como um profeta cansado, mas ainda perigoso. Já Daron Malakian parecia elétrico, em combustão espontânea. Shavo Odadjian não parava, como um animal em transe. E John Dolmayan? Antes do show, ainda encontrou forças pra visitar a área PCD e abraçar fãs — sem holofote, sem performance, só humanidade.
Teve ainda a abertura da Ego Kill Talent, que não veio só. Chaene da Gama, do furioso Black Pantera, subiu ao palco e incendiou tudo junto com os caras. Um daqueles momentos que não são anunciados — apenas acontecem.
No fim, ninguém saiu igual. Porque o System of a Down não é só música. É cicatriz. É memória. É um espelho rachado onde a gente se reconhece mesmo aos pedaços.
Eles voltam hoje (11), ainda no Allianz, e se despedem na quarta (14), com um último suspiro no Autódromo de Interlagos. O último show da turnê sul-americana ainda tem ingressos disponíveis — e se você ainda respira, corre. Compre ingressos neste link
Porque tem shows que são só shows.
E tem noites que viram manifesto.