System of a Down encerra turnê com show histórico em Interlagos e entrega o maior set da carreira
- Marcello Almeida
- há 17 horas
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O System of a Down não fez um show. Fez um rito de passagem

Na noite do dia 14 de maio, diante de um mar de corpos vibrando no Autódromo de Interlagos, São Paulo se tornou o ponto final de uma era. Não apenas o encerramento da turnê Wake Up!, mas o adeus visceral de uma banda que nunca tocou leve, nunca falou baixo, nunca passou em branco.
Foram 2 horas e 20 minutos de catarse, suor e insanidade coletiva — o maior setlist da carreira da banda. Trinta e oito músicas. Uma explosão que superou o recorde anterior, cravado em 2015, na terra natal da banda, Yerevan, na Armênia. O que parecia insuperável caiu diante do público brasileiro — mais uma vez.
Antes do apocalipse começar, quem abriu a noite foi o Ego Kill Talent — banda que acompanhou a tour inteira e que, com todo respeito, já virou praticamente um item do kit-turnê. Muita gente na pista já conhece até as falas de cor. Nada pessoal, mas… talvez seja hora de um intervalo. Em seguida, o lendário AFI reacendeu o pavio com seu punk de combate, preparando o terreno para o que estava por vir.
E então, veio o SOAD

A abertura com “X” foi um soco no peito. Sem tempo pra respirar, vieram “Attack”, “Suite-Pee”, “Prison Song” e a combustão incontrolável de “Violent Pornography”. Cada faixa era um gatilho emocional. Cada riff, uma sirene que chamava à rebelião.
Mas foi com “Toxicity” que o chão tremeu de verdade. Daron Malakian — meio maestro, meio incendiário — pediu rodas punk e sinalizadores. O público obedeceu. E se jogou. Interlagos virou campo de batalha e celebração. Um caos coreografado por almas que, mesmo exaustas, não paravam de cantar.
E quando “Sugar” finalizou a noite, não foi só uma música. Foi uma eucaristia barulhenta. A banda se abraçou sob os fogos de artifício, enquanto uma multidão suada, rouca e rendida aplaudia de olhos marejados. Era o fim. Mas era também um início — o de uma lenda que agora faz parte do asfalto, do ar e da memória do país.
Não foi apenas o maior show da turnê. Foi um testamento. O System of a Down não voltou ao Brasil. O System se cravou em Interlagos.