Sigur Rós está de volta com o atmosférico e cinematográfico 'ÁTTA', um disco de inegável beleza
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Sigur Rós está de volta com o atmosférico e cinematográfico 'ÁTTA', um disco de inegável beleza

As canções aqui estão mais para uma viagem cinematográfica, repleta de nuances que simulam perfeitamente uma jornada épica.

Sigur Rós. CRÉDITO: Hörður Óttarson


Desde o seu surgimento nos anos 90, o Sigur Rós sempre traçou sua sonoridade buscando camadas climáticas e atmosféricas, trafegando agridocemente por um terreno fértil entre o pós-punk e a música clássica. Entretanto, a banda sempre buscou contrastar esses elementos com paisagens sonoras totalmente intensas e, por vezes, buscando refúgio na música industrial. Pode não parecer, mas já se passaram dez anos desde que a banda lançou seu último disco. No entanto, de certo modo, a presença constante em festivais e shows ao vivo repletos de entusiasmo e paixão fez com que não sentíssemos completamente a ausência desses caras que sempre causaram emoções com músicas como 'Sæglópur' ou 'Hoppípolla', ambas do aclamado disco 'Takk...' de 2005.


Uma coisa é certa, durante esse hiato, o grupo encarou alguns contratempos e desafios, como a saída do baterista Orri Páll Dýrason em meio a acusações de agressão sexual, além de uma batalha por suposta sonegação de impostos na Islândia. Mas agora, eles estão de volta com o retorno do multi-instrumentista Kjartan Sveinsson, que havia deixado a banda em 2012. Com isso, o trio está completo novamente, formado por Jónsi, Georg Holm e Kjartan Sveinsson.



Em 'ÁTTA', o mais recente trabalho da banda que acabou de sair do forno, podemos sentir um resultado totalmente diferente do álbum antecessor. As canções aqui estão mais para uma viagem cinematográfica, repleta de nuances que simulam perfeitamente uma jornada épica. O Sigur Rós entrega ambientações e paisagens atmosféricas com uma textura sentimental, que leva o ouvinte para outras dimensões, aquela coisa que só a música pode fazer por você. A banda opta por evitar o uso da bateria, dando ênfase aos instrumentos de cordas da London Contemporary Orchestra, o que atribui às canções do disco algo mais ambiente. São dez faixas focadas no drama e melancolia; porém, tudo é muito equilibrado e forte.


Desde a abertura com a instigante "Glóð", que abre muito bem essa jornada, dando o espaço necessário para a comovente e bonita 'Blóðberg' crescer com sua melodia terna e íntima ao mesmo tempo. Essa é aquela canção que vai te levar para vários mundos distantes sem que você saia do lugar. Não é surpreendente que Jónsi tenha reconhecido a crise climática como a principal fonte de inspiração para o niilismo expresso em ÁTTA. Além disso, não é coincidência que o Sigur Rós tenha convidado Johan Renck, um diretor renomado conhecido principalmente por seu trabalho na minissérie Chernobyl para conduzir o clipe de 'Blóðberg'



Em duas faixas, o disco já te conquistou e prendeu sua atenção. A sensação provocada por 'ÁTTA', é de um filme rodando em câmera lenta em sua cabeça, algo que ganha mais potência e força na florescente "Skel". É difícil sintetizar em palavras todos os sentimentos, emoções e reações que esse disco vai desencadeando durante sua audição. Esse que vos escreve se viu em muitos momentos dentro de um filme épico de ficção científica ao estilo Blade Runner.


O clímax do álbum é justamente esses pontos repletos de nuances que te tiram da realidade por minutos e, na sequência, te devolve de volta para a terra com vários questionamentos na cabeça. Você não precisa compreender todos eles, e nem mesmo saber o que está sendo cantado em cada faixa. É como se não houvesse histórias para se prender, e sim apenas uma conexão repleta de emoções, onde o roteiro é você que irá conduzir. A faixa "Mór" resume isso perfeitamente com sua linda arquitetura cinematográfica. Talvez seja a canção do disco que mais deixa claro toda a sintonia da música do Sigur Rós, e algo que eles fazem muito bem: prender o ouvinte do início ao fim.


'ÁTTA', com certeza, pode ser considerado um dos melhores álbuns do Sigur Rós desde o monolítico 'Takk...' de 2005. Experimente encontrar um lugar tranquilo, sem barulhos, pegue seu fone de ouvido e mergulhe profundamente nessas canções maravilhosas, belas e emocionantes. Um disco que acrescenta mil motivos para o Sigur Rós existir nesse mundo cada vez mais frio e insensível.

 

ÁTTA

Sigur Rós


Lançamento: 16 de junho de 2023

Gênero: Pós Punk

Ouça: 'Blóðberg' , "Mór" , "Skel"

Humor: Atmosférico, Melancólico, Cinematográfico


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

Veja o clipe de 'Blóðberg':







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