Grand Prix, do Teenage Fanclub, um disco de canções ensolaradas que trazem bons ventos de liberdade
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Grand Prix, do Teenage Fanclub, um disco de canções ensolaradas que trazem bons ventos de liberdade

A banda segue cumprindo muito bem sua tarefa: às vezes eles voam; às vezes dá voleios; e, na maioria das vezes, acertam o coração.

Imagem Reprodução.


Uma canção pop precisa tocar suavemente a alma e adentrar cada vez mais nas profundezas do nosso subconsciente; uma canção pop possui o dom e o poder de mudar o seu dia. Uma canção pop pode revisitar toda sua vida em meros três minutos, é como um filme embasado por nostalgia e memórias ternas e acesas em nossas lembranças. Toda vez que revisitamos um disco emblemático que nos marcou um determinado momento da vida, esses flashes e momentos vêm à tona, impulsionados pela doce ou agridoce melodia.


E todo esse melodrama focado em memórias e vivências é para chegarmos no lindo e cativante "Grand Prix", álbum de 1995 lançado pelos britânicos do Teenage Fanclub, em um ano em que o Britpop dominou todos os holofotes da música pop. "Grand Prix" forjou canções pop perfeitas em toda a sua concepção e magistralidade. Vinte e oito anos depois, esse disco continua tão doce e contagiante. As canções dessa obra pop envelheceram tão bem que continuaram tão presentes no mundo daqueles que, assim como este que vos escreve, ama o mundo da cultura pop.



Verdade seja dita, você pode vasculhar e procurar arduamente pelos baús do rock and roll dos últimos anos, e será difícil encontrar um disco pop como "Grand Prix". O Teenage Fanclub uniu magistralmente a sonoridade dos Byrds, Beach Boys e Big Star, criando um álbum com 13 canções ensolaradas. Desde a ótima abertura com a cativante e inebriante "About You", seguida pela comovente e melódica "Sparky's Dream". O álbum pode não ter atingido toda a aclamação que surgiu com o prestigiado "Bandwagonesque", de 1991 ( o álbum do ano pela Spin Magazine, que deixou para trás o famoso Nevermind do Nirvana). Mas é o disco onde a banda atingiu sua maturidade e isso ressoou positivamente em cada faixa do trabalho.


Esse definitivamente é aquele disco que, em seu contexto, apresenta uma produção e arranjos excelentes de canções power-pop, que capturam a gostosa sensação de viver e fazer a música que você ama. O Teenage Fanclub não liga se eles atingiram ou não o mainstream; o foco é a paixão pela música. Até hoje, é uma banda que vem provando amar aquilo que faz. Talvez essa seja a fórmula ou segredo para canções tão perfeitas e cativantes, como a linda e viciante "Don't Look Back", que traz versos que mais soam como uma cantada certeira. “Eu roubaria um carro/para te levar para casa." A música do TFC parece florescer da unidade, com cada membro da banda interagindo para extrair o máximo dos sentimentos descritos por cada um, quando estão dentro de um estúdio ou tocando juntos em um palco.



"Verismilitude" ressoa as melhores camadas de uma canção power-pop; tudo aqui se encontra em total equilíbrio e harmonia. Vocais e melodias se entregam um ao outro, e o resultado é satisfatório. "Grand Prix" inaugurou uma nova fase na discografia da banda. A partir dali, os discos seguiriam um paladar mais harmônico e controlado - menos jeans, mais cardigãs. Os solos de guitarras de McGinley ganharam um teor mais fluido e melódico, como uma flauta filtrada por um pedal de distorção. Ocasionalmente, o explosivo baterista O'Hare foi substituído pelo mais calmo Paul Quinn (ex-integrante da banda).


"Neil Jung" entrega mais uma notável influência da banda. A faixa é uma adoração ao mestre Neil Young e traz ótimos solos de guitarras que, com certeza, tiraram sorrisos da lenda do Rock and Roll. Se antes de "Grand Prix", o Teenage Fanclub proporcionava uma jornada incessante de adrenalina e prazer, a partir dali o som passou a ser como um pequeno avião decolando: parece flutuar naturalmente e, sem que você perceba, já está no ar.


Sobre o TFC nos dias atuais? A banda segue cumprindo muito bem sua tarefa: às vezes eles voam; às vezes dá voleios; e, na maioria das vezes, acertam o coração. Apesar de todas as suas evoluções sutis, altos e baixos, o grupo se desenvolveu a fazer discos que parecem ainda firmes e atemporais, nunca saindo de moda, nunca perdendo o sentimento. Acontece que agora eles estão mais velhos; os sentimentos mudam.

 

GRAND PRIX

Teenage Fanclub


Lançamento: 1995

Gênero: Indie Rock, Power-Pop, Rock Alternativo

Ouça: "Don't Look Back", "Neil Jung", "Sparky's Dream"

Humor: Amável, Pungente, Adocicado


 

NOTA DO CRÍTICO: 9,5

 

Ouça "Neil Jung":



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