Radiohead rompe sete anos de ausĂȘncia e anuncia retorno aos palcos em 2025
- Marcello Almeida
- hĂĄ 16 horas
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HĂĄ bandas que voltam. E hĂĄ bandas que voltam a nos lembrar por que a mĂșsica existe. O Radiohead pertence ao segundo grupo

Depois de sete anos mergulhados em seus prĂłprios hiatos e experimentaçÔes individuais, Thom Yorke e companhia anunciaram uma sĂ©rie de 20 shows no Reino Unido e na Europa, a partir de novembro de 2025. O itinerĂĄrio passa por Madri, Bolonha, Copenhague, Berlim e culmina em Londres, onde o quinteto farĂĄ uma residĂȘncia de quatro noites no lendĂĄrio The O2 Arena.
NĂŁo se trata apenas de uma turnĂȘ. Ă um reencontro. Philip Selway, baterista, resumiu em poucas palavras o espĂrito desse retorno: âfoi muito bom tocar as mĂșsicas novamente e reconectar-se com uma identidade musical que se arraigou profundamente dentro de nĂłs cincoâ. Identidade: essa Ă© a palavra-chave. Porque o Radiohead nunca foi apenas uma banda â foi sempre uma forma de tradução da angĂșstia, da dĂșvida, do espanto diante do mundo.
A herança de uma discografia insubstituĂvel
Cada vez que o Radiohead se movimenta, a histĂłria da mĂșsica balança. NĂŁo Ă© força de expressĂŁo. OK Computer (1997) redefiniu o rock alternativo para a era digital; Kid A (2000) rasgou a cartilha do que uma banda de guitarras deveria ser; In Rainbows (2007) nĂŁo sĂł trouxe delicadeza e intensidade em igual medida como tambĂ©m reinventou a lĂłgica de distribuição da mĂșsica, ao ser lançado no modelo âpague o quanto quiserâ. JĂĄ A Moon Shaped Pool (2016), Ășltimo trabalho de estĂșdio, foi quase uma despedida em cĂąmera lenta â um disco melancĂłlico, assombrado, em que o Radiohead parecia recolher seus prĂłprios fragmentos.
E entĂŁo veio o silĂȘncio. Sete anos em que cada integrante explorou caminhos paralelos: Jonny Greenwood mergulhando em trilhas sonoras de cinema, Thom Yorke reinventando-se no The Smile, Ed OâBrien e Colin Greenwood trilhando espaços prĂłprios. Parecia que a banda estava adormecida, mas, como todo corpo vivo, bastava um estĂmulo para reacender.
O que significa essa volta

Um retorno do Radiohead nunca Ă© apenas uma agenda de shows: Ă© um sismĂłgrafo cultural. A banda nĂŁo volta para repetir fĂłrmulas, e sim para redesenhar o territĂłrio. O simples fato de se reunirem jĂĄ levanta expectativas sobre novas mĂșsicas, mesmo que neguem planos concretos. Ă inevitĂĄvel: sempre que o Radiohead respira, o mundo espera um novo capĂtulo.
Se vier um novo ĂĄlbum â e tudo indica que os ensaios e registros recentes podem apontar nessa direção â, ele nĂŁo serĂĄ apenas mais um lançamento. SerĂĄ um comentĂĄrio sobre nosso tempo, como sempre foram os trabalhos do grupo: a paranoia digital dos anos 90, o desencanto polĂtico dos anos 2000, o luto Ăntimo dos anos 2010. O Radiohead sempre soube traduzir o espĂrito de cada Ă©poca em sons que parecem vir do futuro.
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Uma esperança coletiva
Mais que uma turnĂȘ, este retorno Ă© uma esperança. Em um cenĂĄrio musical fragmentado, onde os algoritmos parecem ditar o que ouvimos, ver o Radiohead de volta aos palcos Ă© um lembrete de que ainda existem artistas capazes de dobrar o tempo, de nos arrancar da inĂ©rcia, de nos mostrar que a mĂșsica pode ser maior que nĂłs mesmos.
Se 2025 serĂĄ apenas o ano do reencontro ou o prelĂșdio de um novo trabalho, ninguĂ©m sabe. Mas uma coisa Ă© certa: quando Thom Yorke cantar novamente diante de milhares de pessoas, nĂŁo serĂĄ apenas uma performance. SerĂĄ a confirmação de que a ausĂȘncia foi apenas uma pausa, e de que o silĂȘncio, afinal, nunca dura para sempre.
Datas da turnĂȘ:
4, 5, 7 e 8 de novembro â Movistar Arena, Madri, Espanha
14, 15, 17 e 18 â Unipol Arena, Bolonha, ItĂĄlia
21, 22, 24 e 25 â The O2, Londres, Reino Unido
1, 2, 4, 5 DE DEZEMBRO â Royal Arena, Copenhague, Dinamarca
8, 9, 11, 12 â Uber Arena, Berlim, Alemanha