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Primeiro-ministro australiano é criticado por usar camiseta do Joy Division

Polêmica envolve referência histórica do nome da banda e gera debate político e cultural

Joy Division. CRÉDITO: Rob Verhorst/Redferns
Joy Division. CRÉDITO: Rob Verhorst/Redferns

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, foi alvo de críticas após ser fotografado, no último dia 23 de outubro, usando uma camiseta com a icônica capa do álbum Unknown Pleasures  (1979), da banda Joy Division.



A controvérsia ganhou força quando Sussan Ley, líder do Partido Liberal (centro-direita), afirmou durante um discurso no Parlamento que Albanese cometeu uma falha de julgamento, insinuando que o nome do grupo teria origem antissemita.


Segundo Ley, a banda teria se inspirado em uma suposta “ala de um campo de concentração nazista onde mulheres judias eram forçadas à escravidão sexual”. A declaração gerou forte repercussão, mas foi prontamente contestada por historiadores e representantes do Museu Estatal de Auschwitz-Birkenau, que negaram a existência de registros históricos de tal divisão nos campos.


“Até onde sabemos, não há registros históricos de nenhuma ‘ala’ de um campo de concentração onde mulheres judias tenham sido forçadas à escravidão sexual”, declarou um porta-voz da instituição ao The Guardian.

O mesmo porta-voz acrescentou que, embora houvesse bordéis e servidão sexual nos campos, a maioria das mulheres envolvidas eram prisioneiras alemãs consideradas “socialmente desajustadas”.



Albanese, que é conhecido por seu apreço pela música, não se desculpou. Em defesa do primeiro-ministro, seu colega do Partido Trabalhista, Pat Gorman, minimizou a polêmica:


“É uma camiseta de uma banda da qual ele é fã. Há grandes problemas no mundo, e não acho que camisetas de bandas populares sejam um deles.”


A banda Joy Division, formada em Manchester em 1976, é considerada uma das mais influentes do pós-punk. O nome foi retirado do romance House of Dolls (1953), mas o grupo sempre negou qualquer conotação antissemita.


Em outra frente, o baixista Peter Hook comentou recentemente o legado duradouro do grupo em entrevista à NME:


“Quem diria que eu estaria aqui 45 anos depois falando sobre o Joy Division e sua influência? Eles existiram por menos de dois anos, mas o que Ian criou ainda ajuda gerações inteiras a atravessar seus próprios abismos.”

Da estética sombria ao impacto cultural, o Joy Division continua gerando debates, e, como mostra essa polêmica, o poder simbólico de sua arte segue atravessando fronteiras e governos.

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