12 de dez. de 20243 min de leitura

Prenda a Respiração apresenta os horrores de uma família em busca de sobrevivência diante um cenário desolador

Atualizado: 12 de dez. de 2024

Prenda a Respiração se destaca pelo cenário desolador, Sarah Paulson, sintonia familiar e sobrevivência às mudanças climáticas

O Cinema pode amedrontar de diversas formas, inclusive usando a própria natureza que deixa os homens em completo estado de fragilidade. Nevoeiros, tempestades, nevascas, inundações. Esses fenômenos climáticos frequentemente estão presentes em narrativas tensas que colocam o homem diante dos seus instintos de sobrevivência.

Prenda a Respiração (Hold Your Breath, 2024) traz uma narrativa situada em Oklahoma durante a década de 30. O filme mostra um ambiente desolado e de completa estiagem que passa por constantes tempestades de areia. Com isso, os alimentos ficaram escassos, o número de doenças aumentou e os poucos sobreviventes da região perderam as esperanças.

O filme reúne vários ingredientes que o colocam numa mescla de Terror, Drama e Thriller Psicológico. A direção é de William Joines e Karrie Crouse (que tem no currículo alguns episódios da série Westworld). Outro atrativo da película é a presença de Sarah Paulson no elenco A atriz ficou bem famosa por seus papéis em produções de Terror como o filme Fuja (2011) e a série American Horror Story.

Sarah Paulson realmente manda no filme. Vivendo o papel de Margareth, ela precisa enfrentar todo esse cenário cuidando de suas duas filhas (sendo que uma delas é muda), isso depois que seu marido saiu para trabalhar em outra cidade e não retornou mais. Tipo de mãe que não tem medo de sair à noite para investigar um vulto que viu próximo a sua porta, ao mesmo tempo uma pessoa que se preocupa com quem ainda resiste na região.

O filme começa de forma tensa. Margareth anda por um vasto trigal. Em seguida, fica diante de uma terrível tempestade de areia à procura de suas filhas que estão gritando e tossindo desesperadamente. Tudo não passa de um nefasto pesadelo. Ao acordar, ela vai ao quarto conferir se as duas filhas realmente estão passando bem.

Interessante o trabalho dos efeitos sonoros. Os gritos e arquejos que ocorrem frequentemente, a batida inesperada na porta, o barulho ensurdecedor da tempestade de areia ao redor da casa. Realmente conseguem imprimir um toque de tensão a mais para a trama.

Da mesma forma, algumas cenas geram tensão devido a fotografia criativa que apresentam, exemplo é quando mãe e filhas tentam fugir da tempestade de areia que se aproxima e precisam chegar em casa (e o evento acaba criando uma sensação de um monstro que chega por cima delas para devorá-las).

Para piorar, as tempestades aumentam, acontecem boatos acerca de um assassino na região e Margareth começa a sentir que uma presença sinistra está ameaçando sua família. Suas filhas também descobrem um livro sobre um personagem chamado Homem Cinza que é capaz de se misturar a poeira para entrar nas casas e matar quem mora ali.

Claro que com isso, os diretores criam uma atmosfera bem instigante. O marido que não dá notícias, outros moradores morrendo ou enlouquecendo, a possibilidade de estar sendo vigiado por algo ou alguém, o risco de ficar adoecido, a desolação e a seca minando as últimas possibilidades de chuvas ou de recuperação da região.

A trama vai entregando seus sustos, os apertos da família e os sofrimentos dos habitantes da região. Entretanto, o trunfo maior para segurar o espectador até os minutos finais é não entregar prontamente a verdadeira ameaça que paira sobre a família. Realmente existe uma entidade perigosa? Até que ponto estamos diante da realidade e dos pesadelos de Margareth? A região voltará a ter alguma esperança?

Prenda a Respiração tem vários pontos a seu favor: o cenário desolador, a boa atuação de Sarah Paulson, a sintonia entre a família, a sobrevivência perante as mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, pode ser uma crítica certeira aos tempos de poluição que vivemos. O que vemos ali na Ficção não é tão diferente dos dias atuais com tantas catástrofes naturais ocorrendo e com a existência humana cada vez mais sendo testada.