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Ozzy Osbourne é homenageado pela PETA após anos de luta pelos direitos dos animais

Do morcego à compaixão

Ozzy Osbourne
Ozzy Osbourne em um show no dia 20 de janeiro de 1982 em Des Moines, nos Estados Unidos • Youtube/Reprodução

Durante décadas, Ozzy Osbourne foi sinônimo de exagero, caos e polêmica. O homem que mordeu a cabeça de um morcego em pleno palco — e, antes disso, de duas pombas — parecia ter selado para sempre sua imagem como o Príncipe das Trevas do rock. Mas, ao contrário do que muitos imaginavam, foi justamente ele quem se tornou, anos depois, uma das vozes mais firmes em defesa dos animais.



Após sua morte aos 76 anos, anunciada nesta terça-feira (22), uma das homenagens mais inesperadas — e tocantes — veio da PETA, a principal organização mundial de proteção animal.


“Ozzy Osbourne era uma lenda e um provocador, mas a PETA se lembrará do Príncipe das Trevas com mais carinho pelo lado gentil que ele mostrou aos animais”, declarou a entidade nas redes.

“Não é uma manicure. É uma amputação.”


A virada na relação de Ozzy com o mundo animal foi mais que simbólica: foi política. Em 2020, ele estampou uma campanha da PETA contra a desgarragem de gatos — cirurgia cruel que remove parte das garras dos felinos, afetando permanentemente sua mobilidade, segurança e bem-estar.


Na peça, Ozzy aparecia com as mãos ensanguentadas, ao lado da frase:


“É uma amputação. Não é uma manicure.”



E não ficou só na imagem. “Se o seu sofá é mais importante para você do que a saúde e a felicidade do seu gato, você não merece ter um animal! Pegue um arranhador, não os mutile”, declarou o roqueiro na época, com a contundência que sempre teve — agora em outra direção.


Rock, redenção e bichos resgatados

Ozzy Osbourne durante o show intitulado "Back to the Beginning" •
Ozzy Osbourne durante o show intitulado "Back to the Beginning" •

No ano passado, Ozzy adotou um cachorro vítima de queimaduras em um incêndio. O animal foi encontrado em estado grave, mas recebeu cuidados e ganhou um novo lar. E, em uma das suas últimas ações públicas, ele anunciou um leilão de quadros abstratos pintados com a “ajuda” de chimpanzés, revertendo toda a renda para um santuário de primatas na Flórida.


Ao lado de Sharon Osbourne e da filha Kelly, Ozzy passou a usar sua visibilidade para denunciar práticas cruéis, apoiar instituições e incentivar adoções. O homem que chocou o mundo nos anos 1980 agora usava sua fama para proteger os seres mais vulneráveis. Um movimento inesperado — e talvez por isso, tão poderoso.


Até mesmo o Príncipe das Trevas pode mudar


Ozzy Osbourne foi, até o fim, um provocador. Mas também foi humano, cheio de contradições, capaz de olhar para seu próprio passado e transformá-lo em ação concreta. Sua trajetória não apagou as polêmicas — mas as ressignificou.


Se o início foi marcado por gestos teatrais com animais em meio ao caos do palco, o fim veio com gestos silenciosos de cuidado, empatia e redenção.


E talvez, nisso, Ozzy tenha dado sua lição mais punk de todas:


até os demônios podem aprender a cuidar.

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