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Os 5 melhores discos da Band of Horses — trilhas sonoras para quando a saudade vira paisagem

Algumas bandas te atravessam. Outras te cicatrizam

Band of Horses
Imagem: Reprodução

Tem bandas que soam como o eco de um passado que você nunca viveu, mas que mesmo assim te dói. É como se as músicas fossem feitas com madeira gasta, cordas enferrujadas, vento nas janelas e uma solidão que não pesa — embala. A Band of Horses é isso. Um lugar onde os sentimentos passam a cavalo, onde o tempo é feito de paisagens abertas, luz dourada e silêncios compridos. Não é só música.



É cheiro de café frio num domingo de luto. É a lembrança de algo que você nunca chegou a perder. E por isso mesmo nunca deixou de procurar.


Abaixo, os cinco discos que carregam esse som como quem carrega uma casa dentro do peito.



1. Everything All the Time (2006)

Everything All the Time (2006) - Band of Horses
Imagem: Reprodução

O começo já nasce clássico. Um disco feito pra doer bonito, com reverb nas guitarras e uma melancolia que parece crescer dentro da garganta. “The Funeral” não é só uma música — é um hino de fim de tarde, com a alma desabando devagar até explodir em cavalaria. Tudo nesse disco soa como se o mundo fosse grande demais pra gente caber dentro. O céu tá sempre nublado, mas ainda assim a gente segue. A beleza aqui não é polida. É suja, crua, com o barro da emoção nos dedos.


Esse álbum te acerta de um jeito silencioso. Quando você vê, já tá chorando por alguém que nem sabe quem é. O som é amplo, etéreo, mas a dor é íntima, quase doméstica. Um disco que transforma desespero em paisagem sonora — e memória em abrigo.



2. Cease to Begin (2007)

Cease to Begin (2007)- Band of Horses
Imagem: Reprodução

Menos tempestade, mais estrada. Esse segundo disco troca a agonia do debut por uma calma desbotada. A tristeza agora vem em tons pastéis. “Is There a Ghost” abre o caminho como quem pergunta algo que já sabe a resposta. Há menos peso nas guitarras, mais céu aberto, mais poeira no horizonte. É como atravessar o deserto sozinho e descobrir que a solidão também pode ser uma companhia boa.


O disco tem cheiro de madeira molhada, cheiro de casa antiga. Tem algo aqui que abraça, mesmo nos momentos de ruptura. É um álbum pra quem já se acostumou com a ausência. E aprendeu a amar mesmo assim.




3. Infinite Arms (2010)

Infinite Arms (2010) Band of Horses
Imagem: Reprodução

Aqui a banda mira o sublime. Tudo é maior, mais limpo, mais colorido. É o disco onde o som cresce em harmonia, com vozes em coro e paisagens sonoras quase cinematográficas. “Factory” e “Laredo” são baladas de estrada, pra ouvir com a cabeça encostada no vidro enquanto o mundo passa lá fora. Há uma esperança nova aqui. Uma luz que não existia antes.


Mas essa beleza também custa. É menos visceral, mais trabalhado. Menos grito, mais canto. Ainda assim, o disco pulsa com verdade. Cada faixa parece uma carta aberta ao mundo, escrita com um pouco de fé e muita saudade. É o Band of Horses no auge da forma — e do sentimento.



4. Things Are Great (2022)

Things Are Great (2022) - Band of Horses
Imagem: Reprodução

O título é ironia. Porque nada tá bem. E esse disco sabe disso. É o retorno às origens, com arranjos mais crus, letras mais diretas, sentimentos à flor da pele. É como se a banda tivesse cansado de maquiar a dor. Agora ela vem como vem: feia, suada, urgente. “Crutch” e “Lights” são retratos daquilo que não conseguimos dizer em voz alta — mas a música diz por nós.


Há uma honestidade brutal aqui. Um reencontro com a própria sombra. Band of Horses, depois de tanto tempo, ainda sabe como arrebentar o peito sem perder a ternura. Um disco que mostra que maturidade também pode ser feita de cicatriz aberta.



5. Why Are You OK (2016)

 Why Are You OK (2016) - Band of Horses
Imagem: Reprodução

O disco mais estranho da lista. E talvez o mais necessário. Tem um quê de fuga, como se a banda quisesse ir pra longe de si mesma. Os arranjos flertam com o pop, mas a alma segue indie, confusa, fraturada. “Casual Party” é um hit torto, dançante e deslocado, como alguém tentando sorrir num velório. Nada aqui é simples. Tudo soa deslocado — e é aí que mora sua beleza.


É um disco de transição, de dúvida, de tentativa. E isso tem valor. Às vezes, a gente precisa errar bonito pra poder voltar melhor depois. E foi exatamente o que eles fizeram.





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