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'Moss', de Maya Hawke, se consagra como um terno e bonito retorno ao passado de dias inebriantes

Entre seu papel de protagonista na série Stranger Things e filmes, Maya vem se tornando uma excelente compositora

CRÉDITO: Celine Sutter

‘Moss’, segundo disco da estrela de Stranger Things, Maya Hawke, é uma ode de boas canções melódicas com um ar arrojado de nostalgia. O álbum chega em um momento bem oportuno, onde os jovens estão retornando suas rotinas de salas de aula. As canções de ‘Moss’ imprimem muito dessa saudade dos tempos de escola, a própria Maya chegou a dizer em entrevistas que: “Muitas das músicas [neste disco] sou eu escrevendo as músicas que gostaria de ter escrito quando tinha 15 anos”.

 


 

Entre vocais doces e melodias agridoces, o novo trabalho da cantora parece ter sido tingido de pura excitação e vulnerabilidade estampada com aquela ansiedade de recomeçar a vida novamente depois de tempos de tempestades e incertezas, ou apenas uma graciosa surpresa, dado seu trabalho notável na série de TV Stranger Things e no recente filme de comédia adolescente Do Revenge. A filha de Uma Thurma e Ethan Hawke, traça um olhar mágico para seu passado, fazendo de ‘Moss’ um álbum familiar e suave, características que tornaram sua estreia em 2020 com ‘Blush’ tão agradável e sedutora.


Muito dessas nuances de regresso aos tempos de escola, ficam explícitos na doce e serena “Hiatus”, onde Maya canta versos como: “Eu quero uma rotina de ginástica, um sonho adolescente obcecado por si mesmo, mal vestido”. Uma faixa melódica e sonhadora. Mas nem tudo em ‘Moss’ soa como um mar de rosas ou conto de fadas de uma adolescente no colegial. Ao longo de suas 13 faixas, a atriz e compositora, (24), explora o comportamento de seus relacionamentos amorosos, o convívio com seus pais, seu próprio mundo e o mundo em geral, e assim, cada música vai construindo sua própria paleta de emoções e complexidades.

'Moss' soa efetivo, encantador e nostálgico. Um conjunto de canções que explora as notas vocais de Maya Hawke magicamente. Uma notável melhora em relação ao disco de estreia.

“South Elroy” chega saltitante e brilhante com vocais serenos e uma nostálgica rajada de riffs de guitarras que combinam docemente com o refrão grudento e, aos poucos a voz de Maya vai se tornando um vício em sua mente. O recente e sonhador single “Thérèse”, inspirado em uma pintura no Metropolitan Museum of Art de Nova York, traz em sua contextualização críticas de ideias sociais de gênero e feminilidade, enquanto “Driver” com seus toques melódicos e nostálgicos, aborda seus laços familiares assim, como, ela conheceu e construiu em suas memórias. “Imagino minha mãe e meu pai/se beijando alegremente no banco de trás de um táxi / Eu daria tudo que eu teria para vê-los felizes / Beijando assim.”

 


 

Um conjunto de canções líricas que expandiram o universo sonoro de Maya, diferente do que foi criado em ‘Blush’. Esse novo registro adotou uma abordagem mais expansiva com toques sutis e, um uso assertivo de sintetizadores, guitarras e cordas que canalizam momentos conflituosos com ótimas harmonias. São canções exuberantes e bonitas, dosadas por um pop sonhador, blues ou até mesmo camadas de jazz. Não é atoa que o trabalho remete muito a Phoebe Bridgers e Taylor Swift. Um disco com pouco uso de bateria que se sustenta por cordas e vocais sedutores. O registro também traz colaborações dos solistas Benjamin Lazard Davis e Christian Lee Hutson.

Com vocais delicados, letras emotivas e sinceras, a cantora conquistou fãs de música pop pelo mundo e não se limita apenas aos olhares das lentes cinematográficas. A atriz e compositora vem mostrando que pode ser um grande nome no cenário da cultura pop.


Outro destaque do disco fica por conta da faixa “Crazy Kid” onde ela faz um lindo dueto com Will Graefe que injeta camadas de cores desbotadas que lembram as notas de Bon Iver. Maya Hawke pode não estar voltando aos tempos de adolescência como a personagem enraizada no coração deste álbum, mas, se caso estivesse, ‘Moss’ sustentaria suas melhores notas.

 

Moss

Maya Hawke


Lançamento: 23 de setembro de 2022

Gênero: Pop, Folk Rock, Indie Pop

Ouça: "Thérèse", "Hiatus" e "Crazy Kid"

Humor: Íntimo, Reflexivo, Gentil, Agridoce

Temas do disco: Passado, laços familiares, Tardes de domingos


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

Veja o vídeo de "Sweet Tooth" abaixo:


 






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