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Marilyn Manson em San Luis Potosí: uma batalha cultural no coração do México

Foram 205 mil pessoas no evento gratuito, segundo os organizadores

Marilyn Manson
(Foto: Jon Kopaloff/Getty Images)

Quando Marilyn Manson subiu ao palco na Feira Nacional Potosina (FENAPO), no último domingo (10), algo maior do que o show estava acontecendo ali. Era uma provocação — e também uma declaração.



O músico, conhecido pelo lado mais sombrio do rock, foi contratado pelo governador Ricardo Gallardo Cardona. Curioso: o próprio Cardona é artista amador de música regional mexicana. Um político que decidiu colocar no mesmo palco o clássico e o controverso, o tradicional e o contestador.


Foram 205 mil pessoas no evento gratuito, segundo os organizadores. A mistura perfeita de público — jovens vestidos de preto, com maquiagem que lembrava o cantor, e famílias esperando um festival para todos. Mas a presença do roqueiro não passou sem ruídos. Grupos religiosos e conservadores protestaram, chamando o show de “inadequado” para um evento familiar.


Cardona, porém, não recuou. Ele falou com firmeza, em entrevista à Billboard Español, sobre sua decisão:


“Sempre haverá vozes opostas, e Marilyn Manson as enfrentou não apenas no México, mas também em outras partes do mundo. Mas se ele já se apresentou em Roma, o berço do catolicismo, por que não poderia se apresentar em San Luis Potosí? Não se trata de religião; trata-se de justiça cultural, de criar unidade, e devemos fazer isso por meio da música.”


A comparação de Gallardo não é pouca coisa. Em 1989, o Black Sabbath teve seu show em San Luis Potosí cancelado sob a acusação de “promover satanismo e antivalores”. O tempo passou, e Manson, com toda sua polêmica, pôde tocar livremente.


Vídeos do show viralizaram nas redes: filas imensas, o Teatro del Pueblo lotado, enquanto o público cantava sucessos como “The Beautiful People”, “Sweet Dreams (Are Made of This)”, “Disposable Teens” e “Tourniquet”. Era mais do que um show, era um movimento.


Mas a resistência apareceu, sim. Horas antes, uma cabeça de vaca foi deixada em frente à Catedral Metropolitana — um protesto emblemático. E uma associação conservadora juntou quase 6 mil assinaturas pedindo o cancelamento do evento.


Ainda assim, Cardona segue com sua visão plural para a FENAPO:


“Acho que precisamos ser um pouco mais plurais hoje; não se trata apenas de música regional mexicana. No ano passado, conversamos com os empresários do Metallica e do Scorpions. Foi difícil finalizar por causa das turnês deles, mas conseguimos iniciar um diálogo com os empresários do Marilyn Manson e fizemos acontecer.”

O governador aposta no choque cultural para quebrar velhas amarras. E o festival, que vai até 31 de agosto, também conta com nomes como Enrique Iglesias, Don Omar, DJ Tiësto, Banda MS e Belinda.


Mas Manson não chega só com sua fama artística. O roqueiro carrega sobre os ombros acusações graves de abuso sexual e violência doméstica, ainda em julgamento. Depois de quase seis anos afastado dos palcos, voltou em agosto do ano passado e agora segue na estrada com a turnê One Assassination Under God.


Em dezembro, a Cidade do México o recebe como atração principal do Knotfest — e a polêmica, certamente, continuará.


Veja momentos do show abaixo




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