Lô Borges e Zeca Baleiro trazem amizade e belas melodias em “Céu de Giz - Lô Borges convida Zeca Baleiro”
- alexandre.tiago209
- há 3 dias
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Um trabalho atemporal, humano, emotivo e indispensável

Lô Borges e Zeca Baleiro representam duas gerações distintas, mas igualmente fundamentais, da Música Popular Brasileira. O mineiro, eterno integrante do Clube da Esquina, já dividiu canções com Milton Nascimento, Samuel Rosa e Fernanda Takai, além de manter desde 2019 uma produção constante de álbuns. O maranhense, por sua vez, tornou-se um dos grandes nomes da MPB dos anos 1990, sempre inquieto em parcerias e colaborações, já tendo cantado ao lado de artistas como Chico César, Wado e Chorão.
Apesar da importância e da riqueza cultural que carregam, os dois nunca haviam trabalhado juntos. Isso mudou em 2025 com o lançamento do álbum “Céu de Giz – Lô Borges convida Zeca Baleiro”, uma obra que une poesia, amizade, crítica social e sonoridades refinadas em um dos projetos mais surpreendentes do ano.
São 10 faixas e 35 minutos de música, com letras de Baleiro e melodias de Lô, trazendo temas que atravessam amor, crise climática, tecnologia e humanidade, sempre com lirismo e autenticidade que sabe trazer profundidade, poesia, sentimentalismo e autenticidade em letras impactantes e sons deslumbrantes.
Logo na abertura, “Antes do Fim”, o ouvinte encontra a força desse encontro: um dueto marcante que é muitíssimo bem acompanhado de timbres afiados. Essa faixa possui um arranjo que mescla folk, beatlemania e sentimentalismo. Ela fala de resiliência diante das adversidades, exaltando a vida e suas urgências de uma forma bem acolhedora.
Já em “Santa Tereza”, o disco presta homenagem poética ao bairro de Belo Horizonte onde nasceu o Clube da Esquina, resgatando nostalgia e mostrando como esse movimento segue inspirando novas gerações com suas canções, sonoridades e poesias.
Há também faixas cheias de referências sutis, como “Ao Sair do Avião”, que dialoga tanto com “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, de Lô, quanto com “Medo de Avião”, de Belchior e esse diálogo é feito com maestria lírica e uma sonoridade extremamente cativante.
Em “Zumbis”, o tom é de crítica: Zeca Baleiro denuncia a superficialidade da vida moderna, lembrando a tradição de cantautores como Bob Dylan e Zé Geraldo. A faixa-título, “Céu de Giz” e "Tá Tudo Estranho Demais", também reforçam esse espírito crítico, mas são temperados com humanismo e delicadeza.
O álbum se encerra com a poderosa “Donos do Mundo”, um rock direto e provocador que remete a Raul Seixas, denunciando autoritarismos contemporâneos e o peso das estruturas de poder através de políticos totalitários. Um fecho ousado e impactante para um trabalho que não se contenta em ser apenas bonito, mas também necessário.
“Céu de Giz – Lô Borges convida Zeca Baleiro” é mais do que um ótimo disco e um grande encontro musical: é um presente para a MPB e para seus ouvintes. O disco reafirma a genialidade desses dois artistas, que continuam reinventando-se sem perder a essência. É uma obra que combina crítica social, poesia e melodias arrebatadoras, capaz de tocar tanto fãs antigos quanto novas gerações. Um trabalho atemporal, humano, emotivo e indispensável.

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