Lenine renasce em 2025 com “Eita”, um dos discos mais vibrantes e inspirados de sua carreira
- alexandre.tiago209

- há 9 horas
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Com “Eita”, Lenine prova mais uma vez por que é um dos artistas mais relevantes do país: atento, inquieto, poético e profundamente humano

O ano de 2025 está chegando ao fim, mas ainda assim consegue surpreender com lançamentos musicais marcantes com direito a álbuns excelentes, viciantes e impressionantes tanto pelas letras quanto pelos arranjos. Entre essas novidades, um lançamento reafirma com força a criatividade da música brasileira: Eita, o novo disco de estúdio de Lenine. Lançado em 29 de novembro de 2025, o álbum chega como uma obra poderosa, concisa e arrebatadora, que merece ser ouvida com atenção e acolhida com o coração aberto.
Com 11 faixas e pouco menos de 30 minutos, o álbum marca o retorno do artista pernambucano após uma década desde Carbono (2015) — e o reencontra ainda mais afiado, sensível e inventivo. Aqui, Lenine mergulha em referências, afetos e inquietações contemporâneas, criando uma obra que dialoga com o passado, observa o presente e ilumina o futuro com ritmos, sons, versos e palavras.
Produzido por Bruno Giorgi e com direção artística do próprio Lenine, “Eita” ganha também uma identidade visual marcante assinada pela artista pernambucana Luiza Morgado que é especialista em fazer arte com gravuras. Seu trabalho gera uma genuína e sorridente admiração pela riqueza de seus traços e desenhos.
Logo na faixa-título, o disco revela seu espírito: um groove cheio de suingue, violões percussivos e um toque de nordestinidade que remete aos repentistas nordestinos. É uma faixa que acolhe, embala e remete ao vigor de álbuns clássicos como O dia em que faremos contato (1997), Na Pressão (1999) e Falange Canibal (2002).
Os momentos emocionais surgem em canções como “Meu Xamêgo”, uma declaração de amor feita para sua esposa e companheira de vida, Anna Barroso, com quem é casado desde 81. Com riqueza melódica e forte identidade recifense, a faixa se destaca como uma das mais bonitas do projeto.
O outro ótimo destaque do ábum é a faixa “O rumo do fogo” que expande e reflete o olhar para questões sociais e ambientais, trazendo um dueto impecável com Maria Gadú e dedicatória aos importantes líderes indígenas brasileiros Ailton Krenak e Davi Kopenawa que são referências no mundo todo pelos seus trabalhos em defesa do meio ambiente e dos povos originários.
A memória afetiva ganha força em “Foto de família”, parceria de Lenine com o filho João Cavalcanti, enriquecida pela participação luminosa de Maria Bethânia, que transforma a faixa em um momento de pura emoção e de destaque especial nesse novo trabalho.
O disco também brilha nas colaborações: Grupo Bongar traz energia para “Boi Xambá”; Siba (da banda Mestre Ambrósio) colore “Malassombro” com um sertão pulsante; Gabriel Ventura cria profundidade em “Beira”; e Arnaldo Antunes divide com Lenine a doce “Deita e dorme”.
O sergipano sanfoneiro Mestrinho aparece como destaque especial nas faixas “Aos domingos” e “Motivo”, onde sanfona, forró e MPB se misturam em arranjos cativantes que reforçam a riqueza cultural do Nordeste. Esses momentos conduzem o álbum a um desfecho emocionante, reafirmando sua força, ritmo e sensibilidade.
Com “Eita”, Lenine prova mais uma vez por que é um dos artistas mais relevantes do país: atento, inquieto, poético e profundamente humano. O álbum celebra o Nordeste, reflete o Brasil e o mundo e por fim acrescenta mais um capítulo brilhante à discografia do músico — uma espera longa, mas que valeu cada segundo quando o play finalmente foi apertado.
















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