Fernando Mascarenhas dissolve distâncias com seu disco de Estreia 'Dizperto'
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Fernando Mascarenhas dissolve distâncias com seu disco de Estreia 'Dizperto'



O cantor e compositor mineiro Fernando Mascarenhas (ex-Paquederme Escarlate), colhe os bons frutos de uma vida abastecida com o melhor dos sons dos anos sessenta e setenta. Seu primeiro álbum solo de canções autorais chamado “Dizperto”, realmente desperta o ouvinte para tão maravilhosa fase de ouro dos discos. Com influências que vão de Lô Borges, Milton Nascimento e o estupendo Clube da Esquina, o disco navega por ondas sonoras da Bossa Nova, MBP, Jazz, Blues e Fernando sabe muito bem como usar isso tudo ao seu favor para criar canções que concebem um elo entre o velho e o novo, em um momento você pode se sentir no meio urbano de Minas Gerais relembrando o Icônico Clube da Esquina, em outros você pode se sentir dentro de uma camada cósmica entre o 'Rubber Soul' dos Beatles e o 'Smile' do Beach Boys.


Como o próprio nome do disco sugere, as canções passam de forma intimista e lírica o sentimento de um despertar pessoal e, ao mesmo tempo que abre para o coletivo e social. As letras abordam temas sobre saudade, solidão, ausência e impetuosidade política. Fernando conseguiu diluir suas raízes musicais em um conjunto de canções que foram projetadas para que o álbum seja digerido por inteiro. Como se uma canção complementasse a outra?


'Dizperto' abre com uma faixa densa e meditativa, “Dia 37” conversa abertamente com esse sentimento árido de viver em quarentena. Uma ode à solidão e ao distanciamento social. Uma canção com forte influência do Jazz que faz uma homenagem ao querido Arnaldo Baptista (uma grande referência musical para o cantor), “Bilhete” pode ser de longe a faixa mais agridoce do disco, a que mais absorve elementos da música Pop. Uma balada de amor na qual você pode se ver em um carro pegando a estrada e no rádio tocando uma canção do Oasis.


O teor político e o sentimento de revolta ganha elucidação com a canção “A Barragem”, um canto de manifesto político que soa urgente e muito necessário. A faixa aborda em seu contexto o descaso com as vítimas e familiares dá tragédia do rompimento das barragens em cidades de Minas Gerais em 2015 e 2019.

Com um olhar poético sobre o cotidiano Fernando Mascarenhas retrata de forma precisa a atmosfera musical dos anos 60, quando os Beatles e os Beach Boys, lançaram discos memoráveis.

O trabalho foi concebido com elementos harmônicos totalmente equilibrados para soar distinto e único. Além disso, ainda traz referências a literatura filosófica na faixa “Cão” com sua arquitetura introspectiva influenciada pelo Rock Progressivo. A faixa se apresenta como uma opera que se divide em partes repleta de camadas psicodélicas que hipnotizam o ouvinte. A inspiração para música veio do escritor George Orwell e seu romance “A Revolução dos Bichos”.


Um disco produzido de forma tradicional, sem grandes estúdios por perto. Algo que intensificou a atmosfera caseira e intimista do álbum. Trazendo a obra para mais perto ainda do lado pessoal, refletindo o sentimento de inúmeros brasileiros.

 

Artista: Fernando Mascarenhas

Álbum: Dizperto

Lançamento: 30 de abril de 2021

Gênero: MPB, Indie Pop e Jazz

Ouça: "Dia 37", "Bilhete" e "Cigana"






 

Veja o vídeo de "Cigana" abaixo:


 

Ouça 'Dizperto' no Spotify:
























 

Marcello Almeida

É editor e criador do Teoria Cultura.

Pai da Gabriela, Técnico em Radiologia, flamenguista, amante de filmes de terror, adora bandas como: Radiohead, Teenage Fanclub e Jesus And Mary Chain. Nas horas vagas, gosta de divagar história sobre música, cinema e literatura.



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