alexandre.tiago209
- 21 de jul. de 2022
- 3 min para ler

Crítica: 'O Samba Poconé' o disco do Skank que invadiu o mundo em 1996

O Skank inovou ao trazer um disco repleto de elementos sonoros e gêneros como Pop, Rock, Ska, Reggae e Música Latina, tudo isso com muita brasilidade, originalidade e genialidade

A década de 90 para Minas Gerais foi uma época de ouro na música com muitos artistas começando ou sendo lançados em diversos gêneros musicais. Um desses artistas foi uma banda de rock chamada Skank, com um som que misturava rock clássico com elementos de Reggae, Ska, Música Latina e Pop em uma sonora autêntica. E um disco que representa bem essa sonoridade é o maravilhoso 'O Samba Poconé', que apesar de ter sido lançado em 96, soa bem atual com suas músicas ainda emanando brilho e contextualizadas com a atualidade.

O quarteto mineiro formado por Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferratti gravaram o álbum no estúdio Mosh na cidade brasileira de São Paulo, 'Samba Poconé' traz inúmeros elementos circenses desde sua bela e inovadora capa, algo ousado para época e suas faixas que se complementam formidavelmente. Samuel Rosa chegou a falar em um depoimento no seu canal no YouTube: "Foi uma das experiências mais legais, mais interessante que a gente viveu dentro da banda. Foi o disco que nos fez ser reconhecidos pelo mundo afora".

O álbum ultrapassou barreiras ao ficar no topo de várias paradas musicais internacionais. Isso mostrou que "O Samba Poconé" tem traços tão inovadores quanto o Manguebeat do Chico Science e a Bossa Nova de João Gilberto.

O trabalho possui 11 faixas que são de tirar o folego. Ele já começa com um hit que emplacou “É Uma Partida de Futebol”, uma canção maravilhosa produzida em parceria com Nando Reis, a música se tornou um verdadeiro hino do rock, principalmente para os amantes de futebol, expressou muito bem a paixão de milhões de brasileiros. “Sem Terra” deu voz para a classe trabalhadora, defensores da Reforma Agrária, uma canção que caberia perfeitamente em 2022. “Los Pretos”, pode ser considerada a faixa mais impactante e de forte teor, a letra aborda o racismo que ainda persiste em nossa atualidade, a canção ainda contou com a ilustre participação do francês Manu Chao, vocalista da banda francesa Mano Negra que é uma grande inspiração pro conjunto brasileiro.

“Zé Trindade”, é uma bela homenagem musical ao grande ator brasileiro Zé Trindade que se tornou um dos grandes ícones da história do cinema no Brasil. “Tão Seu” ganha o ritmo de um cancioneiro romântico, leve e dançante com elementos de Reggae e Rock. “Garota Nacional” é um pop rock dançante que fala sobre uma mulher que só quer divertir e chamar a atenção de todos enquanto dança. “Os Exilados” com sua letra singela e romântica, disserta sobre o amor, sobre se entregar para pessoa amada embalada por um reggae envolvente e dançante, a letra diz: "Meu coração tá batendo de amor e cansaço/Saudade do abraço, do morno regaço/Onde eu deixei um pedaço de mim".

“Eu Disse a Ela” deságua em um Ska cheio de referências ao município brasileiro de Belo Horizonte. “Sul da América” uma súplica sonora que pede por dias melhores no Brasil e na América do Sul onde não desejamos a guerra e sim o amor. “Um Dia Qualquer” um Rock envolvente que lembra o som da banda Os Paralamas do Sucesso, outra grande referência no rock brasileiro. A faixa “Poconé” encerra o disco de maneira sublime com uma sonoridade arrebatadora que caracterizou a intensidade e originalidade do grupo mineiro.

Após o lançamento de 'O Samba Poconé', a banda continuou inovando na sua grandiosa discografia, mas, esse álbum sempre será lembrado com muito carinho por seus inúmeros fãs e admiradores, o disco revelou uma sonoridade impecável, com canções atemporais e marcantes, tornando Skank uma banda querida e admirada. Samuel Rosa e cia sempre prezaram por uma sonoridade mutável e única, algo meio no estilo David Bowie.