'Bom Dia, Verônica': a jornada de uma resoluta escrivã em combater a violência doméstica e corrupção
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'Bom Dia, Verônica': a jornada de uma resoluta escrivã em combater a violência doméstica e corrupção

Atualizado: 19 de set. de 2022

"Quanto mais verdades são descobertas, maior é o abismo"

Foto: Divulgação Netflix

Aquele dia poderia ser mais um dia normal na vida da escrivã de polícia Verônica Torres (Tainá Muller). Mas, durante uma confusão na delegacia de homicídios que termina com o suicídio de uma mulher, Verônica entra num redemoinho crescente de investigações. Passa a descobrir um universo que envolve intrigas, corrupção, traições e segredos do passado que chegam à tona.



A série da Netflix é baseada no romance homônimo de Ilana Casoy e Raphael Montes que escreveram usando o pseudônimo de Andrea Killlmore. Com um roteiro adaptado por Casoy e Montes, a direção ficou a cargo do experiente José Henrique Fonseca que tem em seu currículo produções de peso como ‘O Homem do Ano’ (2003) e ‘Heleno’ (2011).


Contando até agora com 2 temporadas e 14 episódios, a série traz um elenco estelar e não tem economia em apresentar uma narrativa cheia de ação, drama e mistério, contextualizando o cinema brasileiro dentro de padrões mais modernos e dinâmicos.

Crédito: Netflix

A narrativa discute bastante sobre as relações familiares, destacando a violência doméstica. A mulher que sofre abusos ou é violentada/oprimida pelo marido ou companheiro. Caso da primeira temporada onde presenciamos a vida tumultuada do casal Cláudio Brandão (Eduardo Moscovis) e Janete Cruz (Camila Morgado).


Lógico que essa não é a única abordagem a ser tratada. Ainda teremos a questão da deficiência dos meios de proteção que acabam se vendendo. Instituições que deveriam impor as regras em sociedade saem da linha, são corrompidas em subornos e passam a ser uma ameaça maior tanto para as pessoas que deveriam proteger bem como para os profissionais corretos que ainda fazem parte da corporação.

Interessante é notar como cada episódio vai revelando a verdadeira faceta de seus personagens, construindo bem o aspecto emocional de todos. No início, Brandão se apresenta a Janete de forma paterna e carinhosa, mas em seguida o espectador seguirá por uma angustiante transformação que acaba entrando numa espiral opressiva e cada vez mais chocante e trágica.



Sem muito auxílio e limitada por conta de seu cargo, Verônica precisa agir por meios próprios. Desse modo, deve sobreviver num meio hostil que não lhe transmite muito mais confiança e ainda precisa seguir em frente com sua família. É notável como a personagem traz maturidade e determinação em sua veia em cada verdade que é revelada na tela ou em cada porta que se abre sobre os fatos que conclui. A protagonista também precisa lidar com fatos do passado ligados a seus pais que ainda continuam sem respostas.


Nossa protagonista usa da inteligência e criatividade para expor as feridas de um sistema corruptível e ainda lidar com os casos que atende (como o de Janete). Para isso, o seriado procurou mesclar tanto cenas de ação como de investigação. Verônica busca ao máximo pistas com o pouco que tem e tenta nunca deixar seus rastros, agindo ao máximo na surdina. Claro que às vezes ela é obrigada a sair da linha e meios mais extremos são exigidos.


Divulgação Netflix


‘Bom Dia, Verônica’ aposta numa boa iluminação noturna. Aproveita bem os cenários que tem a seu dispor: sejam as paisagens urbanas do cotidiano comum, sejam os lugares isolados que escondem um ar macabro e ritualístico.


A série aposta também nos cliffhangers, responsáveis por segurar o espectador que muitas vezes fica confuso sobre o destino de determinado personagem. Quanto mais verdades são descobertas, maior é o abismo que Verônica agora faz parte.

A trilha sonora garante outro charme ao seriado. Assinada por Dado Villa-Lobos e Roberto Schilling, oferece gêneros variados e certamente agradará o espectador fã da boa música. Inclusive, a trilha está em harmonia com as temáticas apontadas, exemplo é a canção “Maria da Vila Matilde” de Elza Soares que cita a violência doméstica. Grandes nomes como Titãs, Belchior, Dalto e Mercenárias completam a atraente e diversificada trilha.


Com um elenco estelar, o diferencial aqui é mostrar grandes atores considerados galãs em papéis incomuns de vilões perturbadores, caso de Eduardo Moscovis e Reynaldo Gianecchini. Tainá Muller no papel de Verônica convence e cresce em cada episódio. Mãe dedicada e profissional incorruptível, é uma personagem marcante que, apesar de ganhar toques de justiceira em muitos episódios, agrada o espectador justamente por ser a contramão num sistema fraco e poluído.


Embora a primeira temporada seja melhor por manter mais o ritmo harmonioso entre ação, investigação e mistério, fica nítido que o fechamento da segunda temporada abre espaços na trama que não está tão perto de terminar. Uma rede de corrupção não acaba facilmente, a vilania está sempre pronta para atacar e a justiça ainda prevalece para quem a trata com determinação.

 

Bom dia, Verônica

Em andamento (2020-)


Criadores: Ilana Casoy e Raphael Montes

Duração: 2 temporadas

Gênero: Drama, Suspense, violência contra a mulher

Direção: José Henrique Fonseca

Elenco: Tainá Muller, Eduardo Moscovis, Camila Morgado, Reynaldo Gianecchini, Klara Castanho

Onde ver: Netflix


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,0

 

Trailer da série:


 



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