Beach House continua firme num universo musical que vai muito além do Dream-Pop comum e pasteurizado
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Beach House continua firme num universo musical que vai muito além do Dream-Pop comum e pasteurizado



 

Chegando quase a duas décadas em atividade, o duo Beach House (de Baltimore) conseguiu se transformar num dos nomes mais importantes do cenário musical. E não é por menos. Victoria Legrand e Alex Scally buscam, por meio de gêneros como Dream-Pop, Shoegaze e Neo-Psicodelia, revestir sua música em variadas texturas, camadas e panoramas. Os dois primeiros álbuns da dupla confirmam bem essa teoria, 'Beach House' (2006) e, sobretudo, 'Devotion' (2008).


Foi com o aclamado ‘Bloom’ (2012) que o Beach House mostrou muito mais sua dinâmica sonora. A eletrônica ganhou mais destaque, a voz aveludada de Victoria virava marca registrada e inconfundível, os horizontes sonoros se ampliavam, as camadas e texturas sonoras estavam mais amadurecidas e criativas, a obrigação de buscar outras possibilidades sonoras era uma constante.


Num mesmo disco, o Beach House é capaz de criar uma canção de clima sombrio ("Modern Love Stories"), mas também sabe deixar aquele clássico instantâneo, melodia Pop digna dos tempos que hits radiofônicos apareciam à exaustão, canção segura de estar entre as melhores do ano ("Superstar").


Inclusive, o novo álbum, traz uma dupla experimentando bastante esse lado Pop, sem medo de carregar no refrão poderoso e deixar tudo mais límpido, apesar da densidade da parte instrumental ("New Romance"). Até uma guinada para os 80’s se sobressai na dançante "Hurts To Love".

Com 18 composições e chegando aos 85 minutos de duração, 'Once Twice Melody' é um disco de não tão fácil assimilação, necessitando do ouvinte atenção a detalhes preciosos. Cada faixa é uma soma do que o Beach House aprimorou em sua trajetória discográfica, mesmo assim, não deixam de surgir similaridades e influências que a dupla reuniu em sua carreira.


Em faixas como "Once Twice Melody", "Masquerade", "Sunset" e "Through Me", a sensação é que Broadcast e Stereolab sempre serviram de inspiração ao duo. O experimentalismo eletrônico com aspecto Vintage de "ESP" nos remete a algo do Air. E a melodia tão bela de "The Bells" que ecoa "Hallelujah" de Leonard Cohen? "Finale" cai bem com seu gostinho de Cocteau Twins


Outros destaques ficam por conta de "Pink Funeral" que sustenta sua melodia com a voz de Legrand reverberando em ecos, "Over And Over" que cria uma base eletrônica sólida com sintetizadores marcantes, "Another Go Around" e "Many Nights" que optam pelo clima etéreo com a voz de Legrand num tom mais suavizado e encoberta pela mais fina melancolia.


Com o aproveitamento ao máximo dos recursos sonoros de estúdio, somada a experiência adquirida pelos trabalhos anteriores, Beach House segue sua transformação e garante sua condição de ser um dos nomes mais firmes dentro do cenário musical, sempre se apropriando de sua ousadia de ir muito além do gênero Dream-Pop, procurando por outras perspectivas sonoras. E conseguiram mais uma vez.

 

Ficha Técnica:

Beach House (2022)

'Once Twice Melody'


Data de lançamento: 18 de fevereiro de 2022

Gênero: Dream Pop, Indie Rock

Ouça: "Superstar", "Pink Funeral" e "Another Go Around"

Para quem gosta de: Slowdive e Cocteau Twins



 

NOTA DO CRÍTICO: 9,0

 


 
 

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