Amaro Freitas se destaca no cenário do jazz brasileiro com o notável álbum "Y’Y", que integra elementos sonoros amazônicos e colaborações internacionais
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Amaro Freitas se destaca no cenário do jazz brasileiro com o notável álbum "Y’Y", que integra elementos sonoros amazônicos e colaborações internacionais

"Y'Y" foi lançado em 1 de março de 2024.



Amaro Freitas é um pianista e compositor pernambucano que vem aos poucos colocando seu nome não apenas na música brasileira, mas também no cenário internacional, mais precisamente no gênero musical Jazz. Sua obra musical consiste em apresentar o Jazz com manifestações culturais da música brasileira com elementos rítmicos da música africana. O álbum Sankofa de 2021 é um exemplo claro dessas referências. E agora ele apresenta essas influências e novas no fabuloso disco Y’Y para consolidar ele como um grande nome brasileiro no Jazz.

 

Y’Y possui 9 faixas, tem quase 44 minutos de duração e continua na rota Brasil-África como foi muito bem feita em Sankofa, só que aqui seu olhar cultural se destina para a Amazônia, suas florestas, seus povos e sua rica cultura para exaltar a importância dessa região não apenas para o Brasil, mas para o mundo todo. E isso conectado de imediato no título do disco Y’Y” que significa água ou rio no dialeto de um povo indígena da Amazônia chamado Sateré Mawé.

 


O disco começa com Mapinguari (Encantado da Mata) que é a faixa mais curta do disco, com 1 minuto e 34 segundos de duração, possui uma carga espiritual muito forte e funciona como ótima abertura para as intenções do disco de trazer e apresentar de forma imersiva e cativante as referências culturais e naturais da Amazônia.

 

Uiara (Encantada da água) – Vida e cura segue a mesma linha da primeira música, com a diferença que se utiliza do uso de EBow (dispositivo de arco eletrônico utilizado em guitarra) nas cordas do piano para fazer o ouvinte se sentir mentalmente na Floresta Amazônica com suas matas verdes, com botos-cor-de-rosa nos rios nadando juntamente com as serias Iaras e ares respiráveis. É um som meditativo, sintético por simular uso de sintetizadores e relaxante que pode ser tanto para o ouvido como para a alma.

 

Viva Naná é uma bonita homenagem ao genial músico pernambucano Naná Vasconcelos que é considerado um dos maiores e melhores percussionistas do mundo. Para quem não sabe, ele faleceu em 2016 aos 71 anos. A faixa é cheia de timbres, percussões e sons naturais que agrada fãs do percussionista e agradaria também o próprio Naná Vasconcelos que com certeza iria querer fazer uma participação especial para deixar a música ainda mais excelente.

 



Dança dos Martelos é outra com elementos percussivos, só que diferente de Viva Naná, ele expande essa percussão para diversas outras referências musicais que influenciam a trajetória musical de Amaro para dar mais suingue na sua sonoridade”.

 

Sonho Ancestral e Gloriosa são duas canções que se conectam por seus sons regionais brasileiros e africanos que transportam o ouvinte para essa mistura de ritmos sendo a última citada uma homenagem bonita que Amaro fez para a sua mãe, Rosilda.

 

A faixa título traz a participação do flautista inglês Shabaka Hutchings e Mar de Cirandeiras que tem a presença do guitarrista estadunidense Jeff Parker são faixas que se percebe bem o cuidado que Amaro tem com sua sonoridade e faz dela ser expandida de forma bem linear sem perder suas identidades sonoras.

 


Encantados é a última faixa e marca encontros especiais de Amaro Freitas com o baixista cubano Aniel Someillan, o baterista estadunidense Hamid Drake e o emergente flautista inglês Shabaka Hutchings que apresenta um som jazzístico globalizado em que se sente as referências regionais de cada músico ao mesmo tempo que conecta os ouvidos para melodias atmosféricas que deixam essa música com um som globalizado, moderno, acolhedor e mágico que promove um brilhante encerramento para o disco.

 

Amaro Freitas é a prova de que é um músico consegue se superar cada vez mais em cada trabalho novo e em cada música nova. Se em Sankofa ele mostrou brasilidade contemporânea e eclética ao Jazz, em Y’Y apresenta genialidade ao expandir isso com sons e elementos culturais da Amazônia que apresenta faixas espetaculares, músicos afinados, participações especiais internacionais bem marcantes e uma sonoridade incrível que consolida ele de vez como um grande e importante nome brasileiro no Jazz e também carimba ainda mais seu nome na música brasileira por apresentar uma brasilidade cheia de empatia, beleza e som.

 

Y'Y

Amaro Freitas


Ano: 2024

Gênero: Jazz

Ouça: "Encantados", "Viva Naná", "Gloriosa", “Uiara (Encantada da água) – Vida e cura”

Para quem curte: Chick Corea, Jonathan Ferr, Alice Coltrane



 

NOTA DO CRÍTICO: 9,0

 

Ouça "Encantados"



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