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A Sombra do Mal pega elementos tradicionais do gênero terror que não funcionam tanto em sua trama regular

No final falta aquele soco no estômago para esse ser mais um filme que se destaque no meio de muitos.

Foto: Prime Video


A Sombra do Mal (Nightman, 2023) é um daqueles filmes que trazem toda uma atmosfera que tem tudo para dar certo. Um lugar cercado por florestas enevoadas, castelos abandonados, ruínas e vizinhos nada simpáticos. A questão do sonambulismo e até mesmo citações do folclore celta (como a figura do ente Banshee) também não ficam de fora. Problema que a diretora belga Mélanie Delloye não consegue integrar todos esses elementos em prol de uma produção totalmente eficiente e bem amarrada.

 


Mesmo mesclando aspectos do terror tradicional com temas que frequentemente são discutidos no cinema da atualidade como machismo, violência doméstica, problemas familiares e traumas do passado, o filme não convence tanto para quem espera um terror inovador ou mesmo um thriller psicológico tenso do começo ao fim.

 

Alex (Zara Devlin) vai passar uns tempos na bucólica casa rural de seu namorado Damian (Mark Huberman). Na verdade, Damian assume a residência após sua mãe ficar em um asilo. A relação, que a princípio parecia ser estável, começa a ser afetada conforme Zara descobre sobre o sonambulismo de Damian e passa a descobrir mais sobre o passado do lugar e do seu namorado.

 

Claro que é preciso criar todo um clima de tensão e que seja necessário para grudar o espectador na tela. Tiros que são ouvidos ao redor da casa, uma mulher que desaparece na vila, a porta que surge aberta pela manhã, o vaso de planta que cai sozinho, um namorado que prefere não falar muito de seu passado, a corrida matinal de Alex que começa a ficar perigosa.

 

Entretanto, o filme acaba angustiando na relação conflituosa dos namorados. Com direito a momentos tensos que acabam levando a atos agressivos e impulsivos, cenas que exploram a desconfiança de Damian sobre Alex e a mudança na rotina de ambos acabam servindo como uma engrenagem a mais no ritmo da narrativa. E até funcionam, em parte.

 


Em outras passagens, o filme explora as fraquezas/personalidades dos próprios personagens. Exemplo é a explosiva cena do restaurante onde os personagens discutem e, tanto Damian como Alex, se veem num momento que precisam desafiar seus próprios estilos de vida e preferências.



A parte ruim é que outros personagens acabam desinteressantes na trama, quando incialmente pareciam indicar fortes ingredientes para um filme sufocante, repleto de surpresas e reviravoltas. Quando as verdades acerca dos eventos começam a aparecer, o filme não explora alguns recursos como, por exemplo, flashbacks, para atemorizar mais o espectador e criar um maior dinamismo na construção de sua trama.

 

No final falta aquele soco no estômago para esse ser mais um filme que se destaque no meio de muitos. O que acaba se sobressaindo são alguns aspectos técnicos como os belos cenários, fotografia charmosa, a atuação de Zara Devlin, a ambientação escura de cenas que lidam com o sonambulismo e a constante transformação na relação do casal.

 

Se o terror/suspense de antigamente explorava criaturas imortais e/ou inverossímeis, tais gêneros se apropriam (de forma perfeita ou não perfeita) da índole humana em toda sua essência. A maldade que está próxima de nós, pronta para atacar. E mesmo com sua regularidade, A Sombra do Mal trilha por esse caminho, sobretudo após um dos personagens dizer que ‘a maldade está no sangue de algumas pessoas’.  

 

A Sombra do Mal

Nightman


Ano: 2024

País: Bélgica

Gênero: Terror

Direção: Mélanie Delloye

Roteiro: Elza Marpeau

Elenco: Zara Devlin, Mark Huberman, Maeve Leonard

Classificação: 14 anos


 

NOTA DO CRÍTICO: 6,0

 

Trailer:



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