Eduardo Salvalaio
- 11 de out. de 2022
- 2 min de leitura

A melancolia e o pesar de Will Sheff transformados na música introspectiva de “Nothing Special”

Para o músico, cada faixa reflete a lembrança de amigos que perdeu

Will Sheff é o líder e vocalista do Okkervil River, banda que foi uma das responsáveis por construir uma nova dinâmica ao Folk-Rock entre a década de 90 e de 2000. Sheff, inquieto para a Música, também esteve ao lado de Jonathan Meiburg na fundação do grupo Shearwater. Eis que chega a hora do artista sentir o gosto de um álbum solo e seu primeiro trabalho, “Nothing Special”, chega como uma boa oportunidade.

Um estado de pesar incidiu bastante na composição desse disco. Para o músico, cada faixa reflete a lembrança de amigos que perdeu inclusive o baterista Travis Nelsen que o acompanhou no Okkervil River e que faleceu em 2020. Apesar de soar como um trabalho solo, Will Sheff contou com a colaboração de dois integrantes da sua banda, Will Graefe e Benjamin Lazar Davis. Outras colaborações vieram com integrantes do Death Cab For Cutie, Fruit Bats e outros grupos.

Embora ‘Like The Last Time’ seja explosiva sonoramente com guitarras em maior evidência, Sheff retira um pouco o contorno Rock e explora mais o lado Folk, contudo altamente suprido de arranjos e instrumentos típicos do gênero tais como banjo, viola, wurlitzer, sopros, violinos. A faixa de abertura ‘The Spiral Season’ e ‘Marathon Girl’ comprovam bem isso.

É um disco centrado em paisagens melancólicas, contudo sem se afundar de vez neste sentimento. Sheff suaviza os vocais, cria uma bateria mais branda e os instrumentos surgem numa cadência lenta porém bem construída (‘Holy Man’ e ‘Evidence’). ‘Estrangement Zone’ volta a ter mais densidade com belas incursões de guitarra mesmo encaixadas no final da faixa.

Não é á toa que existiu a opção por poucas faixas, porém longas. Assim como passar por um processo complexo de pesar é difícil, dessa forma o músico criou seu álbum. Não tão fácil de processar, mas que libera seus destaques e qualidades gradativamente. Embora ainda traga muitas peculiaridades de sua banda, Will Sheff cria um trabalho introspectivo, delicado e pautado num momento de repensar a vida. Importante qualquer artista passar por isso.