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29 anos sem Renato Russo

Algumas vozes atravessam o tempo. Outras o reinventam

29 anos sem Renato Russo
Imagem: Reprodução

Renato partiu há vinte e nove anos, mas ainda ecoa. Não como lembrança distante, mas como uma espécie de consciência coletiva que insiste em permanecer. Há algo de eterno naquela voz que não cantava apenas, confessava. Renato transformava suas dores em hinos, e seus hinos em espelhos. Cantava o que o país sentia, mesmo quando ninguém ousava dizer.



Ele foi o poeta das ruínas e das esperanças. Das madrugadas solitárias e dos amores que nunca deram certo. Renato foi o adolescente que não cresceu, o adulto que não se adaptou, o homem que olhava para o caos e tentava encontrar sentido em meio à confusão. Era lirismo e fúria, era ternura e ironia. Era a inquietação de uma geração inteira.


O tempo passou, o país mudou, mas as palavras continuam. “Quem acredita sempre alcança” ainda é gritada em shows de garagem, em bares, em corações cansados. “Ainda é cedo” continua sendo o retrato de quem amou demais. “Pais e Filhos” segue sendo uma das canções mais humanas já escritas. Porque Renato não falava sobre o amor como um clichê, mas como um abismo.


Talvez o maior legado dele seja esse: ter nos ensinado que a música pode ser refúgio e espelho, consolo e ferida. Que ser sensível é uma forma de coragem. Que admitir o vazio é um gesto de beleza.


Vinte e nove anos depois, Renato ainda está por aí. Nos versos que a gente repete sem perceber. Nas noites em que tudo parece um pouco demais. Nas vozes que tentam entender o mundo e acabam falando de si mesmas.


Renato Russo não morreu. Ele apenas voltou para o lugar de onde veio: o daquilo que é eterno.


Porque o tempo passa. Mas quem disse que a voz cala?

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