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Zera traz o Gorduratrans com suas características básicas em busca de maturidade e de novos caminhos

O disco possui 8 faixas e não soma mais que 26 minutos, entretanto, a dupla não precisa de muito para transmitir seu recado

Foto: Reprodução/Youtube

Gorduratrans é um duo do Rio de Janeiro formado por Felipe Aguiar (guitarra, voz) e Luiz Felipe Marinho (bateria, voz). Possuem em sua bagagem dois discos: “Repertório Infindável de Dolorosas Piadas” (2015) e “Paroxismos” (2017). A sonoridade passeia pelo Noise e Shoegaze absorvendo muitas influências e similaridades de bandas como My Bloody Valentine, Slowdive, Galaxie 500 ou até mesmo do nosso brazuca eliminadorzinho.


Primeiro fator diferencial de “Zera”, terceiro trabalho da dupla, é que ele foi gravado em locações variadas e com a ajuda de outros artistas, diferente dos anteriores que tiveram suas gravações caseiras na própria casa dos integrantes. Além disso, o duo considera esse álbum como uma espécie de recomeço, uma redescoberta da relação deles com a arte. Por conta disso, o título se encaixou a apropriadamente.


Para o disco, o duo busca trabalhar ainda mais com as possibilidades sonoras que um estúdio oferece. Mesmo diante da crueza e do peso que são engrenagens básicas da sonoridade, sentem a necessidade de uma limpidez do instrumental em algumas faixas, as letras e a própria produção buscam trazer um lado mais maduro do Gorduratrans.


O disco possui 8 faixas e não soma mais que 26 minutos, entretanto, a dupla não precisa de muito para transmitir seu recado: explosão/paredes de guitarras, peso e melodia, ruídos, crueza, caos, letras que tratam de relacionamentos humanos da vida moderno ou até de questões existencialistas, caso de ‘Crista’ e ‘Cortisol’.

‘Jaco’ combina uma guitarra penetrante com uma bateria tribal. ‘Arão’ traz referências icônicas do Rio de Janeiro como o time do Flamengo e introduz na canção, de forma criativa, trechos da crônica ‘Flamengo Sessentão’ de Nelson Rodrigues. Um dos destaques do álbum, ‘Enterro dos Ossos’, tem um riff poderoso de guitarra que casa perfeitamente com as palavras proferidas na letra contundente: ‘fome/sede/febre/sorte/treme/ferve...’


Um dos únicos momentos quietos do álbum e que identifica bastante a vontade de mudança da dupla é ‘Nem Sempre Foi Assim’. Prezando pela guitarra dedilhada e por um instrumental de viés sutil e menos cru, traz toda uma carga melancólica, inclusive com uma letra que implica o saudosismo: ‘O cheiro daqui me traz à memória/Lembrança dos anos que passei/Com os olhos trincados pelo verão’.


A dupla também se deixa levar por uma pegada mais Post-rock em ‘Caveira’, lembrado algo do grupo E A Terra Nunca me Pareceu Tão Distante (inclusive, Lucas Theodoro, integrante da banda, foi um dos responsáveis da pré-produção do disco).

 

Zera

Gorduratrans


Lançamento: 15 de junho de 2022

Gênero: Shoegaze, Noise

Ouça: "Crista", "Arão" "Enterro dos Ossos"

Humor: atmosférico, climático, Agridoce


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,0

 

SPOTIFY:


 

Veja o vídeo oficial de ‘Nem Sempre Foi Assim’:


 


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