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Wandinha, da Netflix, se perde na fórmula teen exagerada, mas consegue entreter com a pegada Burton

Wandinha poderia ter sido mais? Claro que sim

Crédito: Netflix


A Família Addams ganhou sua notoriedade e apreço dos fãs quando surgiu nos anos 30, criada pelo cartunista norte-americano Charles Addams, com proposito de satirizar a tradicional família americana. A repercussão dos quadrinhos foi tanta, que logo a saga foi adaptada para TV, cinema e teatro. Um mundo totalmente mórbido, sombrio e psicodélico com camadas góticas impressionantes, conquistou toda uma geração. No cinema ganhou uma adaptação em 1991 e sua continuação em 1993.


A contextualização por trás da criação de Charles, constitui como uma inversão da conceituada família americana do século 20: ricos e estranhos que se familiarizam com o sobrenatural e não ligam a mínima para o que as pessoas pensam sobre eles.



Após inúmeras adaptações, incluindo jogos de videogame, A Família Addams ganhou uma nova adaptação na nova série spin-off Wandinha da Netflix, que se tornou um grande sucesso de público e streaming, batendo a marca de transmissão alcançada pela 4ª temporada de Stranger Things. A série foca na primogênita de Mortícia Addams (Catherine Zeta-Jones) e Gomes Addams (Luis Guzmán), Wandinha (Jenna Ortega).


A primeira temporada de oito episódios acompanha Wandinha, aqui uma adolescente rebelde e introspectiva, com afeição pelo lado mórbido da vida e uma camada gótica (que não chega a ser tão profunda assim como nas produções anteriores), após um incidente na piscina de um colégio envolvendo piranhas e uma certa parte da anatomia humana, a jovem é expulsa e seus pais resolvem mandá-la para um internato onde eles estudaram conhecido como Nunca Mais, uma escola voltada para os excluídos e místicos.


Por lá, ela irá criar algumas relações conflituosas e se envolver em um misterioso caso envolvendo assassinatos em séries cometidos por um suposto mostro, não vai faltar também aquela pegada atmosférica romântica de produções teen como ‘Teen Wolf’. A trama tenta lançar um triangulo amoroso entre Tyler (Hunter Doohan), Xavier (Percy Hynes) e Wandinha. Mas nada tão marcante. O lance tá mais para uma pegada superficial moderna, pensada nessa nova geração teen.


Por falar nisso, a série parece que foi produzida especialmente para o público jovem, com intuito de apresentar o contexto da Família Adamms para essa nova geração. Em seus oito episódios vamos embarcar por uma trama adolescente com muito mistério, drama, suspense e assassinatos. Até mesmo, uma competição escolar que poderia muito bem ter ficado de fora da trama. Intrigas com a garota mais popular da escola também não vai faltar. A narrativa segue arrisca a fórmula de uma produção adolescente e isso justifica o grande sucesso com o público mais jovem.




Analisando Wandinha por esse aspecto, surge a pergunta, a produção vale todo esse hype criado na internet e redes sociais? Isso vai depender do seu ponto de vista e do que você espera da série. A pegada aqui é um pouco diferente das produções já feitas anteriormente. E isso não quer dizer que a série seja ruim ou que não vale a pena assistir; muito pelo contrário, apesar da narrativa voltada para o público jovem, a produção da Netflix, consegue entreter até mesmo os mais velhos.


Em tempos de redes sociais, avanços tecnológicos e o crescimento constante do streaming, a narrativa de Wandinha entrega a medida certa para conquistar seu público alvo.

Muito disso, se deve aos quatro primeiros capítulos comandados pelo excêntrico e talentoso Tim Burton, que conseguiu trazer suas características distorcidas e sombrias para narrativa. De antemão, posso afirmar que são os melhores episódios da série. Os outros quatro, comandados pela dupla James Marshall e Gandja Monteiro, não conseguem manter o nível traçado e lançado por Burton, e perdem totalmente o fio da meada. São capítulos que caem na mesmice e clichês de outras produções. São confusos e perdidos no próprio roteiro. E isso é uma pena. Porém, o mistério e boa condução implementados por Burton no início e a presença de Jenna Ortega, fará com que o telespectador chegue até o final da série.

Nesse ponto, você leitor deve estar se perguntando se vale a pena dar uma chance para Wandinha? A resposta para isso é sim. Mesmo com suas falhas e clichês descarados, as atuações são muito boas e sobressaem as falhas do roteiro. Jenna Ortega consegue entregar uma Wandinha sensacional, que convence e cativa desde o início. Emma Myers, que vive a colega de quarto de Wandinha, Enid, se sai muito bem como a adolescente carente de atenção, que se revela em um momento importante da trama. Temos também o cativante Eugene (Moosa Mostafa), que garante bons momentos de entretenimento.


Catherine Zeta-Jones também está muito bem na pele de Mortícia e Luis Guzmán também consegue convencer. Aliás, eles poderiam ter tido uma participação mais relevante na série. Outra grande surpresa, e uma bela homenagem aos filmes da década de 90, é a presença de Christina Ricci, que deu vida a Wandinha nos filmes. Aqui ela interpreta uma professora misteriosa que lembra muito a personagem Velma do Scooby Doo. Um grande acerto da produção.



A participação constante da figura icônica Mãozinha, é outro bom aproveitamento da série, trazendo divertimento e carisma, por mais bobo que algumas cenas possam ser. A fotografia agrada, o figurino também é outro ponto relevante na produção. Talvez o segredo com Wandinha, seja não esperar demais, mas uma produção que aponta Tim Burton como um dos produtores acaba por gerar enormes expectativas. A atuação de Jenna Ortega, acaba se tornando o grande mérito para maratonar a série.


O Quarto episódio se tornou o mais emblemático, apresentando uma icônica dança de Wandinha ao som de “Goo Goo Muck” do The Cramps. É divertimento puro. A dança que ficou famosa entre o público foi improvisada pela própria Jenna Ortega. O episódio também faz uma alusão ao clássico 'Carrie, A Estranha', de 1976. Outro grande acerto da produção, com certeza, fica entre o fato de Apresentar o The Cramps para essa nova geração. A canção faz parte do segundo álbum da banda, ‘Psychedelic Jungle’ de 1981, entretanto foi lançada por seus artistas originais, Ronnie Cook e The Gaylads, em 1962. Uma pena a banda não estar mais em atividade e Lux Interior não estar mais presente entre nós para ver esse sucesso todo de sua canção.


Wandinha poderia ter sido mais? Claro que sim. O exagero teen adotado pela produção apaga o lado sombrio e mórbido de sua personagem principal. Wandinha Addams mais se parece com uma adolescente problemática que se protege no sobrenatural e gótico para chamar a devida atenção. Talvez o grande hype criado em cima dá série tenha contribuído para isso. Portanto, não deixa de ser uma boa opção para reunir a família e os filhos na frente da TV e maratonar a série. Seus filhos irão adorar e você também poderá curtir a jornada.

 

Wandinha (2022-)

Wednesday


Duração: 1 Temporada

Criadores: Alfred Gough, Miles Milar

Elenco: Jenna Ortega, Catherine Zeta-Jones, Luis Guzmán, Christina Ricci e outros



 

NOTA DO CINÉFILO: 7,5

 

Trailer:



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