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U2, Hotel Cecil e o videoclipe que desafiou Los Angeles

Entre rebeldia encenada e a sombra de um endereço maldito

U2, Hotel Cecil e o videoclipe que desafiou Los Angeles
Imagem: Montagem Internet

Quando a Netflix lançou um documentário sobre o infame Hotel Cecil, em Los Angeles, reacendeu-se o interesse por uma história marcada por crimes, mortes e mistério — incluindo o enigmático caso de Elisa Lam, em 2013. Mas o prédio sombrio, inaugurado em 1927, guarda também uma conexão curiosa com a música: em 1987, o U2 o transformou em cenário indireto de um de seus clipes mais memoráveis.



O palco em Skid Row


Naquele ano, em plena era The Joshua Tree, a banda irlandesa decidiu gravar o videoclipe de Where the Streets Have No Name no topo de uma loja de bebidas na esquina da Sétima com a Main Street, a poucos metros do Hotel Cecil. A escolha não foi ao acaso: o local ficava em Skid Row, uma das áreas mais violentas dos Estados Unidos, marcada por pobreza extrema e altos índices de criminalidade.


O U2 tocou oito músicas durante a filmagem, com a faixa principal repetida quatro vezes até alcançar a versão perfeita. O telhado foi reforçado previamente para suportar não apenas os músicos e os equipamentos, mas também a multidão que se formou. Fãs se aglomeraram nas ruas e nas janelas dos prédios vizinhos, transformando o clipe em um acontecimento urbano.


Rebeldia controlada


A polícia apareceu para conter os riscos, mas, reconhecendo o caráter artístico do evento, permitiu que a gravação continuasse. A ideia da produção era criar uma atmosfera de desordem controlada, evocando o espírito “fora da lei” que se conectava ao rock e às ruas de Los Angeles. O resultado, no entanto, ficou em um meio-termo: não foi o caos absoluto que os diretores idealizavam, mas também não foi um show pacífico qualquer. Essa tensão entre rebeldia e ordem acabou dando autenticidade à performance.



Entre o mito e a música


O videoclipe não apenas consolidou a estética de The Joshua Tree, como também vinculou o U2 ao imaginário sombrio do Hotel Cecil e da região em torno dele. Aquela gravação, que começou como ousadia artística, tornou-se registro histórico: um momento em que a banda buscou a energia crua das ruas de Los Angeles e encontrou, ao mesmo tempo, a sombra de um endereço amaldiçoado.


Às vezes, a música precisa do risco para soar verdadeira.



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